27.5.09

1ª Meia-Maratona da Areia

No Domingo, dia 24 de Maio, efectuou-se no areal da Costa da Caparica a 1ª Meia-Maratona na Areia e, juntando o útil ao agradável, uma prova em simultâneo para Caminheiros na extensão de 10 km organizada pela Associação Mundo da Corrida.


O que dizer sobre uma prova que já está mais que escrita por outros companheiros de corrida nos seus blogues?!

Eu que já ando neste mundo de corridas há muitos anos, verifico que agora se abre um mundo novo no companheirismo e no reconhecer alguém através desta nova forma de comunicação que são os blogues.

Devido a isso, é salutar verificar os momentos de encontro daqueles que só se conhecem através desta forma e passam a conhecer-se ao vivo e a cores. Assim aconteceu com o Fábio, ele à procura de ver um boné azul e eu sem ele, mas mesmo assim o reconhecimento foi recíproco, com o António Almeida e família que também só os conhecia pelo blogue. Do Pára Joaquim Adelino e da filha Susana não foi necessário pois já os conheço há muitos anos do CCD de Loures.


E assim se fazem novas amizades, trocam-se ideias e conhecimentos, há uma nova forma de convívio, que não só correr, receber e partir.

E foi tudo isto que aconteceu na prova do Domingo, com uma organização magnífica, com uma simpatia de quem ao meio e fim da prova nos recebia na zona de abastecimentos, só um senão que foi a falta de uma placa informativa de viragem aos 5 km para os Caminheiros, o que originou a continuação de muitos para além do retorno, eu e o Hamilton, irmão do Fábio, como viramos no sítio certo durante alguns km fomos os primeiros.

Depois apareceu um Caminheiro que são dos tais que devem estar sempre em 1º, dormindo ao relento, para a inauguração do metro do Porto, do Dolce Vita da Amadora, da pastelaria lá do sítio do pica-pau amarelo, que não gostou de ver outros no lugar que julgava ser seu e foi desagradável na forma como exprimiu o seu desconforto. Claro que lhe disse para me esperar à chegada para lhe tirar a areia dos sapatos só que ele achou por bem levar a areia para casa, antes que para além da areia outras limpezas no corpo levasse. Tanta estupidez junta num corpo tão franzino.

Fora este pequeno percalço, eu e o Hamilton lá fizemos os 10 km, tendo eu fraquejado na parte final, pois o peso já é muito (pesava há 4 anos 70 kg e agora vou com 83) e foi um erro termos ido para a areia solta quando ainda faltavam muitos metros para o final da prova. Mas com o incentivo do Hamilton lá acabamos a prova juntos.

Mas a prova foi um espectáculo, é de continuar e a organização está de Parabéns. Parabéns também a todos os participantes (excepto ao que nos ofendeu) e a festa foi linda pá!... Aquela serpente sinuosa pelo areal da Costa é uma comunhão perfeita entre o Homem e o Mar.


Dicas

Como previa, os últimos atletas apanharam já a maré em fase de enchimento mas, se na areia nada há a fazer ao facto de correr em plano inclinado, a não ser que corra pelo mar, já na estrada temos o dever de não cair em erros crassos destes e não correr nas bermas da estrada. Se são poucos metros não vem nenhum mal ao mundo mas quilómetros como eu vejo, vai provocar problemas na coluna devido ao desequilibro que oferece uma perna que vai para a parte mais baixa da estrada e a outra que fica na parte mais alta da mesma.

Por isso nunca é demais lembrar que numa estrada com declive acentuado na berma, a melhor corrida é pelo meio. É o que faço e chamo a atenção a outros corredores para fazerem o mesmo, mas isto depende sempre de quem recebe a mensagem. Há quem continue e por mim tudo bem! Cada um sabe de si...

19.5.09

O Treino e o Silêncio!...

Os meus locais de treino sempre foram diversificados, procurando contudo, ter sempre uma componente terra/asfalto. Ao fim-de-semana fazia 20 km. De Famões a Loures, ora indo por Montemor e vindo por Frielas, ou por Olival de Basto/Frielas/Loures com retorno ou por Montemor, ou pela Póvoa de Sº Adrião.
Eram 10 km em cada sentido, cronometrado, cada km assinalado numa folha para poder, durante esse percurso, fazer várias mudanças de andamento.

Os locais de treino mais utilizados eram em terra, tanto em Famões, onde agora estão dois Supermercados, no antigo Campo do Odivelas na Ramada, ou onde hoje é o Centro Comercial Odivelas Parque.

Em Famões criei lá um circuito pois, para além da corrida contínua, fazia séries. Com um fio andei a medir e colocar estacas de 50 em 50 m. Outros tempos.

Hoje ao treinar na "Ecopista" da Paiã, uma cobra atravessou-se no meu caminho. Não me assustou mas fez-me sorrir, era bicho que via muitas vezes no tal circuito em Famões.

Um dia estava um nevoeiro cerrado e eu ali a treinar. Ao longe ouviam-se os balidos das ovelhas e o pastor a chamar por elas. De repente, à minha frente, vejo uma ovelha. Tinha-se perdido do rebanho! Bem o pastor chamava e nada, ela estava mesmo sem norte.

Peguei no bicho e fui de encontro à voz do guardador de rebanhos. O homem desfez-se em agradecimentos e voltei à minha “pista” onde, durante anos, vi as estações mudarem, desfiz armadilhas escondidas para apanhar pássaros e, ali, num local oculto pela ramagem, sentia-me em comunhão com a Natureza, ouvindo os sons dos meus passos no silêncio do tempo.

Lesões

Como referi no tema anterior, depois da prova dos 25km do Jumbo, as unhas saltaram do dedo grande e as bolhas formadas eram de sangue. Mas nem sempre assim acontece. As unhas podem ficar negras e as bolhas serem de “água” e não de sangue. As unhas negras devem-se sobretudo ao bater do pé contra a frente da caixa do sapato. Isto ocorre quase sempre em provas ou treinos superiores a 1hora. Quando se comprar o sapato é fazê-lo sempre ao fim do dia e, depois de calçado, encostar o pé à frente. O dedo indicador deve entrar com alguma facilidade entre o calcanhar e parte de trás do sapato. Mas se mesmo assim houver bolhas ou unhas negras há que fazer o seguinte:

A pele de uma bolha surgida num pé nunca deve ser retirada, face ao perigo de uma infecção e à dificuldade do processo de cura. O ideal será extrair o líquido através da aplicação de uma pequena agulha desinfectada.

Se ficar com as unhas negras depois de um treino ou provas. Aquecer uma agulha ao rubro e lentamente cravar na unha até o sangue sair. Cuidado para não ferir a pele por baixo da unha. Convém sempre ter um bocado de algodão perto para impedir que o sangue jorre. Já fiz isso muitas vezes e não custa nada!


Aqui eu ao lado da Rita Borralho em 1992 nos 15km do 1º Maio da CGTP.

Tempo: 56’ 41’’

Foto: Revista Spiridon

13.5.09

Sapato não seu Nacib!...

Esta expressão correu mundo pela voz de Sónia Braga na telenovela brasileira «Gabriela Cravo e Canela» que tanto sucesso fez em Portugal.

Vem ao caso que um dia estava como a Sónia, «Sapato não – dizia eu sofrido!»

Por mais que se leia sobre o que se deve comprar, quando e como utilizar os sapatos, fazemos disso tábua rasa e depois é sofrer até ao fim.

Havia uma prova que era os 25km do Jumbo que, em anos alternados, começava ou em Cascais (junto ao Hotel Estoril) ou em Alfragide com o fim no local inverso.

Contrariando o que tinha lido e o recomendado resolvi estrear uns sapatos novos nessa prova. Não em 5, nem 10, teria logo que ser numa de 25km numa prova difícil pois era de Cascais para Alfragide, que para além de ter que subir os Cabos Ávila ainda tínhamos uma subida de 500 metros até à meta e não era uma simples subida, aquilo era como subir o Evereste (fora a redundância).

O meu nº sempre tinha sido o 9,5 que equivale mais ou menos ao 41 europeu. Cheguei, gostei e comprei... Mas não experimentei. Sempre tinha sido esse o nº e não era naquele momento que o pé ia crescer. Mas não foi o pé que cresceu, foi o sapato que encolheu. Depois explico.

Dia da prova. Sapatinho novo (vaselina nos pés, ah, a vaselina também serve para isto! E ali estou pronto para a corrida.

Os primeiros 5km tudo bem, até que começo a sentir que os dedos estão muito chegados à frente do sapato. A partir daí foi o tormento, os pés estavam maiores que o sapato. Sentia a cada passo as unhas, a carne a sangrar! Já não sabia se devia parar, tirar os sapatos e continuar. Levei o esforço até ao fim. Quando, depois de cortar a meta, retirei os sapatos aquilo era só bolhas e sangue. As unhas do dedo grande do pé saltaram e as outras estavam uma lástima.

Chegado a casa fui comparar a palmilha daqueles sapatos com os que tinha do mesmo nº. Eram mais pequenas, os sapatos tinham sido feitos na Indonésia e não obedeciam aos padrões “standarizados”.

Fiz uma exposição, enviei fotocópias do nº e palmilhas e a Empresa, perante tudo aquilo que lhe enviei, deu-me uns sapatos novos, mas aí tive o cuidado de experimentar e nunca mais utilizei sapatos sem antes lhes dar uma “rodagem” de muitos km em treinos.

Então para os principiantes ficam estas dicas:

Traje


Verão - Calções leves, t-shirt ou camisola sem mangas.
Inverno - Fato de treino, luvas de couro ou lã.

Deve-se evitar a utilização de calções, camisolas ou meias com elásticos apertados, pormenor que pode dificultar uma melhor irrigação sanguínea e prejudicar o rendimento do atleta na corrida.

Nos últimos 10 dias de preparação evitar o uso de novos equipamentos, tais como meias, sapatos, camisolas, etc..


Pés


Colocar vaselina nos pés e em todos os locais de fricção, evitando assim o aparecimento de bolhas e as aborrecidas irritações cutâneas.

Sapatos


Deve-se utilizar com um número acima do usual pois o pé tende a aumentar de volume durante a corrida.

Os atacadores devem ajustar o sapato ao pé e nunca apertá-lo pois que, devido ao aumento de volume do pé durante a corrida, pode originar lesões mais ou menos graves.


Tempos nos 25km

Jumbo

1992 – 1h53’
1993 – 1h40’34’’
1994 – 1h41’18’’
1995 – 1h42’09’’

Critérium (prova que substituiu a do Jumbo)

1996 – 1h41’59’’
1998 – 1h45’
2001 – 1h59’’

Aqui estou eu, à direita de boné, em 1996, na prova dos 25km do Critérium


Foto: “Revista Spiridon”

6.5.09

O Fanfarrão

Prova à noite disputada em 1993. Era o 1º grande prémio de um Grupo Recreativo sediado em Lisboa. 4500 metros era a distância.

Nessa altura corria pelo Grupo Recreativo e Cultural de Famões. O grupo, a convite, participa na prova. É comum quando se chega a uma determinada prova, os atletas presentes, começarem a avaliar as suas possibilidades nos respectivos escalões, verificando quais os atletas conhecidos que ali vão correr ou outros atletas que não sabendo quem são, perguntam se é corredor que se áugure um possível adversário à vitória ou outro lugar do “pódium”.

É normal e natural que assim seja, pois à partida os corredores fazem logo contas de cabeça perante os adversários mais fortes ou mais fracos e já sabem em que lugar poderão ficar nessa prova. Sempre assim foi e sempre assim será.

À pergunta de quem era um determinado atleta que estava a aquecer fora do grupo, um dos organizadores disse-nos logo: «Com aquele vocês não têm hipótese, é um campeão».

E o indivíduo portava-se como tal. Passava por nós arrogante no seu bigode, nem boa-noite deu, e olhava-nos como a simples vermes que só nos faltava pisar.

«É pá, pelo estilo e pela arrogância, o tipo deve ser mesmo um craque» - dizíamos nós.

Prova começada. Ruas estreitas, tínhamos que atravessar a Almirante Reis e começar a subir a rua da antiga DGV. O sujeito pôs-se logo a milhas. Subida íngreme, o grupo de veteranos do meu escalão vai compacto, mas levo uma ligeira dianteira. Eis que, a pouco e pouco, à minha frente, vejo surgir no escuro uma cabeça. Essa cabeça estava cada vez mais perto, quando passei por ela, verifiquei que era o tal sujeito que, na sua arrogância, não tinha doseado o esforço e era vê-lo penosamente subindo a rua, ainda não tínhamos percorrido 500m após a partida.

Nunca mais o vi. Fiz nesses 4500metros o tempo de 14’44’’ (3’16’’/km) , fui o 8º da geral e o 1º do meu escalão Vet1.

Já tenho visto muitos trapaceiros em muitas provas que entrei, que procuram vencer por meios ilícitos, mas a este fanfarrão tive o gosto especial em o ter vencido. Quando me quiser colocar em bicos de pés, vou para o “ballet”.

Equipa de Atletismo do GRC de Famões em 1993