26.4.10

Corrida da Liberdade



Ao iniciar este meu tema quero aqui expressar a minha gratidão ao grande Capitão de Abril... Salgueiro Maia. Morreu sem nunca ter aceite um cargo político ou menções honrosas.


Salgueiro Maia foi, como os nossos "Cantores de Intervenção" (Zeca, Adriano Correia de Oliveira, Fausto, Francisco Fanhais, etc.), o grande obreiro dos ideais de Abril. Por eles Abril viverá, e enquanto houver um cravo vermelho no peito de alguém Abril não morrerá.


Esta prova que eu me lembre sempre a fiz desde que comecei a correr. Nem o facto de estar lesionado me impediu de nela participar. Inicialmente da Pontinha aos Restauradores, há dois anos tive o prazer de começar a prova pela 1ª vez dentro do quartel da Pontinha embora tivesse acabado nos Restauradores, o ano passado fez a ligação entre a Pontinha e o Quartel do Carmo, este ano foi em sentido contrário.

Esta prova terá que ser sempre entre a Pontinha e o Largo do Carmo. Pelos ideais de Abril, pelo caminho revolucionário que o 25 de Abril tomou, pois todo o comando estava no Regimento de Infantaria e foi no Largo do Carmo que o fascismo terminou. Agora há outros fascistas encapotados em socialistas mas isso são outras conversas.

O local no Carmo era muito estreito e embora não fôssemos muitos, foi um começar confuso e a Pontinha tem outras condições para começo de uma prova destas.

Para já peço desculpa a alguns companheiros (Carlos Coelho, Joaquim Ferreira, Umbelina, Santos, Sobral, etc.), tirei algumas fotos deles para incluir neste tema mas, infelizmente, não sei o que aconteceu já que desapareceram do pc. Terão sido as forças de bloqueio, ou uma ineficácia minha? Deve ter sido a última hipótese.

Com um começo atribulado como era de supor, fiz a minha prova com o intuito participativo, sem olhar a tempos até porque a própria organização teve que à última hora de alterar o percurso pois foi proibido o encerramento da segunda circular para Abril passar. Não faltará muito para que outros locais o sejam também.

Assim, com a companhia inicial do Pedro Ferreira e do Bragança do CUN Boston, fiz a minha corrida. Sem muitos esforços, o cumprir era o partir e o chegar...

Foto: Maria Antónia, personalização: Joaquim Ferreira

... e lembrei-me que no dia 25 de Abril de 1974, estava eu nas matas do Maiombe, junto à fronteira do Congo-Kinshasa, com uma arma na mão.



Viva Abril... Sempre!



~ Outras Fotos ~





Joaquim Ferreira AmmaMagazine

22.4.10

E Hoje?... Que Abril?!...

(Todos os aparelhos têm música, para ouvir é só clicar no play, excepto "A Trova do Vento que Passa" pois já está a tocar)


O Exílio!...

 Isolamento político... Trova do Vento que Passa

A Alvorada!...

 Primeira senha... E Depois do Adeus.

 Segunda senha... Grândola Vila Morena

A Ascensão!...

 Marcha associada ao MFA... A life on the ocean waves.

 Movimento popular... Organização Popular.

 Movimentos populares de base... Viva o Poder Popular

O declínio!...

 Fuga de ex-PIDE/DGS... Fado de Alcoentre

 Fim do período revolucionário... Eu Vim de Longe

25 de Abril de 1974

  Trinta e seis anos vão passar sobre a revolução de Abril.
Era o tempo das calças à “boca-de-sino”, dos socos, botas de saltos muito altos e grossos. Dos cigarros “Provisórios” e “Definitivos”, dos penicos em metal, louça ou plástico, dos gira-discos onde rodavam os “LP’s” e os “singles” de vinil. Do “Mundo de Aventuras”, do “Condor”, “Cavaleiro Andante” e de tantos outros livros de banda desenhada que acompanharam a nossa meninice. Dos sinaleiros e dos tostões já em decadência.

  Hoje já nada é como era. Assim, como o tempo fez desaparecer tudo isto também fará por fazer desaparecer a essência da revolução do 25 de Abril. Será mais um feriado como tantos outros que fazem parte da nossa história.

  Desaparecidas as gerações de 40, 50 e da 1ª metade dos anos 60 nada restará. Os nossos filhos, os nossos netos, terão conhecimento desta revolução através dos livros de escola. As “chaimites” de Jaime Neves e do grande capitão de Abril que foi Salgueiro Maia, irão fazer parte daquelas histórias que estudámos desde D. Afonso Henriques. Restará, depois, pouco na memória de cada um consoante a cultura que lhes ficar depois de se esquecerem de tudo o que aprenderam. Mas, enquanto existir um daqueles das gerações que referi, a revolução será sempre contada ao vivo e a cores. Mário Lima irá, enquanto a memória o permitir, recordar aquele dia em que de braço dado com Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Padre Fanhais, José Mário Branco, Fausto, cantou, fardado,... Grândola, Vila Morena!

Aos políticos deste país. Estão a tentar adormecer a Revolução dos cravos mas, cuidado, deixam-na adormecer devagarinho, não façam barulho, pois pode um dia, de novo, o povo acordar e, Abril volte... a ser Abril!

Abril de Abril

Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.



Manuel Alegre
30 Anos de Poesia

Cantores de Intervenção - Clicar aqui

19.4.10

5ª Corrida Freguesia da Bobadela

A manhã tinha acordado bem chuvosa. Fiquei entre o levantar e o ficar no quentinho dos lençóis pois tenho andado todos os domingos em provas e seria um descanso bem merecido. Mas tinha prometido a mim mesmo participar nesta prova que pensava já tê-la feito mas não consta nos meus apontamentos. Olhei de novo o céu nublado pela janela e decidi ir.

Bobadela fica ali para os lados de Sacavém. A minha prova seria só às 11h da manhã. Estas provas das Colectividades têm diversos escalões que já referi aqui num outro tema.


Assim chegado ao local, fui de encontro aos companheiros de estrada, estes que já os conheço há muitos e muitos anos, agora com os trilhos são novos rostos que vou conhecendo. Alguns que já não me viam há muito tempo procuraram saber a razão da minha longa ausência e assim para além dos dois anos e tal de paragem devido à lesão, contei-lhes sobre os meus novos desafios que não se compadecem com os anos de alcatrão que juntos fizemos durante tantos anos.

O tempo agreste fez com que as provas se atrasassem e assim foi bem perto do meio-dia que a minha prova começou. Já tinha feito um aquecimento de quase uma hora e assim ao tiro de partida lá vou em bom ritmo. Foram 6.500 metros de sobe e desce, com alguma chuva à mistura. Como nunca liguei em saber quem e quantos seriam os meus “adversários”, fui correndo sabendo, através do meu amigo Camacho que ia um pouco à minha frente, que estaria bem colocado. Foram anos de “duelo” saudável entre mim e ele e também com o meu grande amigo Vítor Moreira...


... por isso se o Camacho estava ali é porque a minha classificação nos dez primeiros estava garantida. A meu lado, ia um companheiro do meu escalão, e aconteceu aquilo que nunca pensei fazer há tempos atrás, sempre que ele se destacava nas descidas eu apanhava-o nas subidas, eu que sempre fui fraco a subir ali estava a dar luta exatamente no meu calcanhar de Aquiles. Como referi, estas provas do concelho de Loures têm muitas subidas e descidas e eu sabia que perto da meta era a subir e foi aí que ataquei. O meu companheiro bem tentou acompanhar-me mas as forças faltaram-lhe e isolado cortei a meta. Classificação no meu escalão M55, sétimo lugar com 30’10’’ (4’38’’/km). Desde 2005 que não recebia uma medalha por ficar nos dez primeiros. Foi com emoção controlada que a recebi. Muitas vezes ninguém se apercebe que o coração acelera mais no receber de uma simples medalha que numa prova inteira.


Foi bom rever tantos companheiros que me chamam de maluco quando refiro as provas onde estou inserido agora. Uma loucura saudável, pois olhar a natureza no quanto de belo ela tem, juntamente com a família e os bons amigos, é o melhor que se leva deste mundo.

12.4.10

2º Raid Vale de Barris

O Pára&Comando esteve outra vez em ação. Agora o desafio eram os 30 km do 2º Raid Atlético do Vale de Barris ali para os lados de Palmela.


À equipa formada pelo Pára Joaquim, eu, Costa e Daniel, muito cedo foi dada a “partida”, mas ainda em Stª Iria de Azóia. Só que essa partida cedo acabou pois há quem pense que os sinais existem para não serem respeitados, o Pára parou, respeitou, mas quem ia atrás nem parou nem respeitou e assim lá foi a traseira (salvo seja) do carro do Joaquim. Assunto resolvido, há que partir no carro do “Comando” e com GPS não foi difícil chegar ao Vale de Barris, pois até tinha uma pequena placa a direcionar o pessoal.

Pouco depois chegaram o António Almeida e o Vitor Veloso e é sempre com agrado que se convive com estes amigos e respetivas famílias.


Uma das facetas deste novo tipo de provas é olhar logo para o que nos espera. Olhei para cima, vi uns moinhos lá no alto da Serra do Louro...


... e algo me dizia que iria ver aqueles moinhos de perto como veio a acontecer.

Joao Paulo Rodrigues

Queria aqui salientar uma mulher extraordinária, a Analice (66 anos), que tendo feito nos dias 9 e 10 (prova noturna) os 100 km de Mérida (Espanha), ali estava para fazer estes 30 km em auto-suficiência e, como se iria verificar, uma prova muito exigente em aspectos físicos, mas a Analice consegue fazer face a estas exigências de uma forma superior. Parabéns Analice, és uma grande mulher.


A prova, que abrangeu o Vale de Barris; Serra de Louro, S. Francisco e S. Luís, teve um pouco de tudo. Locais muito técnicos, estradões com sobe e desce ligeiro, bem assinalada com traços brancos contínuos a dizer que por ali não era o caminho, fitas nos locais apropriados (perdi-me uma única vez, com o Miguel Castela mas foi por distração, íamos na conversa) e como me disse a Célia Azenha na partida, quem faz Almourol faz esta sem problemas.

Não há dúvida que fiz esta prova sem problemas, mas é uma prova bem difícil e tivemos uma sorte tremenda, foi o facto de não chover há já alguns dias e os trilhos estavam secos (alguns com alguma lama, mas também estavam em cursos de ribeiros). Se tivesse chovido não sei se o grau de dificuldade desta prova não aumentaria ao nível dos trilhos de Almourol. É que haviam lá sítios que foi a água que sulcou a pedra e imaginar ultrapassar aquilo com chuva não seria pêra-doce.

Na primeira fase foi um olhar sobre o casario, do outro lado da serra foi um olhar sobre a natureza. Isto é que faz com que cada vez mais esteja virado para este tipo de provas. Subi, desci, corri, andei, mas o que se vê de cima destas serras é maravilhoso.

Durante a prova fui sempre acompanhado, ora pelo amigo Costa, pela Estela Gonçalves e o Vitorino Santos...


... depois pela Daniela Marinheiro e marido e finalmente um trio que se desfez mais tarde, eu, o José Magro e o Miguel Castela. Fui na parte final com o Miguel, e como nos enganamos no percurso, o Miguel "sprintou" nos 500 metros finais para acabar em beleza à frente de quem nos tinha ultrapassado devido ao engano.

Eu deixei-me ir e 3h34’00’’ depois da partida... Acabei!

O convívio final com o casal Almeida e casal Veloso, o almoço estava ótimo, bem visto o almoço, assim “prende” o pessoal para a entrega de prémios e os respetivos aplausos aos vencedores, ainda houve uns momentos para uns toques na bola e até para o ano. Parabéns à organização, esteve excelente.



Venha a próxima que serão os 50km da Geira Romana, e a equipa Pára&Comando vai lá estar.

Arrivederci!...





~ Outras Fotos ~




Jaime (Organização) Isabel Almeida
Joaquim Adelino Vitor Veloso
Manuel PereiraClassificações

6.4.10

Os Meus Trilhos



Durante quase 15 anos percorri este espaço. Fazia nele o meu treino diário, utilizando as subidas para treinos de rampas e o topo para séries de 400 metros. Subia e descia em "fartlek" sem outro sentido que não fosse o estar em contacto com a Natureza. Mesmo ao lado, centenas de carros vão em marcha lenta em direção à grande cidade, com pessoal "stressado", apitando e olhando constantemente para o relógio.

Hoje olhei para este espaço de uma forma diferente daquele que até agora o via. Porque não aproveitar aquilo que tenho a cem metros de casa e fazer deles os meus trilhos? Afinal tinha tão perto, um lugar para poder treinar para as "Terras de Sicó", para os "trilhos de Almourol" e não me tinha lembrado disso. Outros novos desafios ainda estão por vir. Para domingo, nos 30km do Vale de Barris, os treinos começados não darão resultado pois o tempo é curto para poder beneficiar disso, mas o grande desafio está a um mês de distância, os "50 km da Geira Romana".

Hoje, subindo e descendo, por entre árvores, em trilhos sem saída que me obrigaram a subir a direito por silvas, flores e pequenos caniçais, com charcos e lama, onde não faltaram os trinados dos pássaros e o fugir ligeiro de um coelho, fiz o meu primeiro treino.


Outros se seguirão e enquanto ali estiver, os carros continuarão em marcha lenta, o rosto de quem os conduz fará esgares de impaciência, subirei mais um trilho, rumo ao céu.


E quando estiver cansado, sentar-me-ei no meu "penedo" olhando a cidade. A cidade que me irá absorver e serei mais um rosto na multidão.




Mais fotos dos trilhos

5.4.10

Constância - Terra de Poetas


** Mariza - Canta Alexandre O'Neiil - Há Palavras que nos beijam**

Foi em 1993 a única vez que fui correr a esta Vila Poema. Esta prova, integrada nas Festas em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, tem como caraterística, o engalanar da Vila por milhares flores de papel o que, com as pavilhões de artesanato no Jardim-Horto Camoniano, faz com que esta vila ganhe um movimento popular e festivo muito agradável.

Em 1993, não haviam estes pavilhões, mas lembro-me perfeitamente das flores de papel. A prova tinha somente 7,200 km o que fiz em 26’35’’ (3’41’’/km).

Passei várias vezes por Constância, mas nunca mais lá tinha corrido. A convite do Joaquim Adelino, que me tinha inscrito para a prova, juntamente com o Daniel, voltei a esta vila.

Com o tempo fresco e chuvoso foi com agrado que fui até ao rio Zêzere e vi do outro lado parte dos trilhos que fiz em Almourol. Estava do lado que tinha visto do lado de lá há cerca de 30 dias atrás.


Foi também um reencontrar com a família Mota, a família Almeida, a do Vítor Veloso, o Carlos Lopes, o Carlos Coelho, o José Magro, o João Melo e tantos outros amigos que fazem parte deste meu mundo de corridas (para o Luís Mota e Carlos Coelho uma boa Maratona em Paris).

Foto: Isabel Almeida

Depois das provas dos escalões de infantis, iniciados e juvenis, teve início às 11h15' a prova principal.

Foto: Isabel Almeida

Foram 10km bem corridos, num percurso agradável, não se sabe se se sobe se se desce tal a ligeireza com que as pernas obedeciam ao incentivo, e ali com o rio como companheiro lá completei a prova em 47’22’’ (4’45’’/km).

Foto: Isabel Almeida

Depois o almoço, o convívio final com um passeio pelos vários pavilhões de artesanato (onde a Vila do Conde, vizinha da minha terra, se fez representar) e já com as “baterias” apontadas para os 30km que todos nós iremos domingo participar no Vale de Barris, foi um desejar de boa Páscoa e um regresso a casa.

Foto: Isabel Almeida

Um domingo diferente, numa vila por onde passaram alguns vultos da nossa poesia (Camões, Vasco de Lima Couto e Alexandre O'Neill), onde D. Sebastião se refugiou para fugir da peste, a elevou a vila e criou o Concelho e D. Maria II lhe mudou o nome de Punhete (os romanos chamavam-lhe Pugna Tagi) para Notável Vila de Constância.


E sem prémios monetários também se fazem belíssimas provas, com muita participação e muita alegria nesta vila linda onde o Zêzere abraça o Tejo.

Outras fotos desta prova:

Isabel Almeida