Chego a casa cansado. Tinha corrido a meia-maratona de S. João das Lampas e estava “estourado”. Despejo tudo o que tinha na mochila. Algo cai ao chão e ali fica, seria mais um papel a anunciar mais uma corrida numa localidade qualquer. Teria tempo para o ver.
Dormi mal tal era o cansaço. Sonhava como descrever esta prova. Na 4ª feira tinha feito cerca de 17 km no Parque da Paz com o Vítor e o Filipe. Na Sexta quase uma hora no areal da Caparica (a maré estava cheia, teve que ser na areia solta).
Vieram-me as “imagens” da prova. O convívio inicial com todos os companheiros de corridas, a presença inesperada da Susana (foi bom rever-te rapariga), futura mamã, já com 5 meses de gestação, o Joaquim, a família Veloso, Almeida, o novo
Tandur Filipe Fidalgo, o grande amigo Augusto Cruz, um grande campeão, o Jorge Branco e o tio Egas, o Carlos Coelho, o Carlos Lopes, o Luís (Tigre) que corri com ele durante uns km na Geira Romana e tantos outros.
Um cumprimento especial ao
Fernando Andrade, director da prova, onde lhe mostro a t-shirt recebida na única vez que tinha corrido esta prova, a 18ª, no longínquo dia 17 de Setembro de 1994 com o tempo de 1h28’. Achei a prova tão “dura” para início de época que nunca mais a fiz.
Mas tinha prometido este ano lá voltar para desta forma homenagear o Fernando e a equipa que, durante tantos anos, mantêm esta prova que já vai na 34ª edição.
Eu com o Joaquim no início. Imagem retirada do vídeo do blogue Último Km
De novo o subir e o descer todas aquelas rampas. O desespero, o cansaço e se não fosse o incentivo recebido da Isabel, Ruth e Susana (eram mulheres a mais para dar uma de fraco) tinha desistido ao 13º km. Estavam já chegar os primeiros e a mim ainda me faltavam 8 km.
Aos 10 km, 53’, aos 13 km, 1h 15’, depois foi o "correr" para trás. Passam por mim os amigos da "Lebres do Sado", ainda os acompanho por uns tempos. Depois aparece a Henriqueta Solipa mais o Carlos, vou com eles mas já não dou mais, começo de novo a andar o que fiz para aí umas vinte vezes.
Diz uma simpática senhora: «Este é que faz bem, vai com calma pois ganha o mesmo». Agradeci-lhe dizendo que era a voz da sabedoria que assim falava, mas eu é que já não podia mais. Mas que assomo de energia se apodera de nós? Quando pensamos que já não podemos mais, vamos em frente.
Olho para trás e quem vejo? O amigo Pára. Eu a tentar ter uma distância entre mim e ele e ali estava mais uma vez o Joaquim como sucedera em Almourol. Tento de novo ganhar distância mas a ultrapassagem era irreversível. Disse-lhe: «Vai Joaquim que na descida já te apanho». Mas eram só subidas e lá se foi o Joaquim.
Terminei a prova em 2h08’04’’ (tempo oficial), estourado, suado e com pensamentos negativos relativamente à prova tal como sucedera em 1994.
Um banho refrescante e o convívio final.
... Viro-me mais uma vez na cama procurando dormir. Na cabeça vai-se alinhavando os escritos para este tema. As palavras não eram estas que aqui escrevo. Eram outras bem diferentes.
Levanto-me. Vou até à mochila pois lembrei-me que ainda guardava mais umas coisas na bolsa. Olho para o papel que estava no chão. Continham duas folhas de louro, os louros da Vitória.