6.10.10

Iº Trail Terras do Grande Lago - Última Parte*

Conclusão

Após o pequeno-almoço, fomos para a Aldeia do Alqueva, local onde teria início a nossa prova com fanfarra bem afinada a dar-nos as boas-vindas. Foi a vez de um “briefing” onde a Margarida nos chamou a atenção para as dificuldades de terreno na segunda parte da corrida (depois da Amieira), pois seria muito de sobe e desce.

Aqui com o Joaquim Adelino e Luís Mota (passar o rato sobre a imagem e… olhem que dois!!!
Os primeiros momentos de corrida foram de boa disposição na companhia do António, Ana Paula, Carlos Coelho e “Puda”.
Depois há que acelerar até ao Pára que se encontrava já distante, não lhe posso dar grande distância que ele logo “abusa”.
Parei muitas vezes para tirar fotografias. Penso que é isto o que de melhor estas provas têm. O convívio e o contacto com a natureza.
O Grande Lago - Alqueva
Durante muitos km fui com a Dina Mota e mais dois companheiros que não sei o nome. Após Amieira, começou a verdadeira prova. Até ali tinha sido “estradões” e algumas subidas e descidas, mas de pouca inclinação.
Aprendi mais um pouco com a Dina. Havia alturas em que não se viam fitas, e ela na sua experiência dizia: «Se não há fitas é sempre em frente». Acertou sempre. Valeu-me isso, mais tarde, quando fiquei sozinho durante kms.
Aqui ainda íamos os quatro juntos
Começou a parte mais dura do percurso. Durante as subidas andávamos e aproveitávamos as descidas para correr. Eu fui esgotando as energias. Já não tirava fotos. Guardei a máquina para evitar a tentação e tudo fazia para não perder o trio de vista. Mas há uma subida em que já não os pude acompanhar de tão difícil ela era. Comecei a vê-los cada vez mais ao longe e fiquei só. Iam passando por mim os mais atrasados e eu tento segui-los mas o corpo já não obedecia. Onde corria comecei a andar. Estava exausto e, como em Almourol, pensei muitas vezes parar e desistir. Mas fazia das fraquezas forças e lá fui andando.

Havia partes do percurso que não via as fitas. Lembrava-me da Dina e seguia em frente. Se tinha alguma dúvida sobre o caminho correcto as garrafas de água vazias deixadas no terreno diziam-me que estava no bom caminho (sempre que bebia, a garrafa vazia entregava no abastecimento seguinte, é pena que não façamos todos o mesmo).

Deveriam faltar uns seis a sete km para acabar quando encontro mais um abastecimento (tenho que levar para estas provas o CamelBack, eu transpiro muito e fico muito sequioso e assim vou tendo sempre que beber). Diziam eles que era o último, mas não era o último.

Vou deixando-me ir com a maré. Mais uma vez ia pôr à prova a minha força de vontade. Fui andando, correndo de vez em quando, arrastando-me mas sempre indo. No alto do trilho vejo ao longe Portel. Já não faltava muito.
Eis que vejo o último abastecimento. Disseram-me que faltariam uns 3 km para acabar. Como um cubo de marmelada, bebo água e começo a subir. Olho para baixo e quem vejo? O Pára. O homem que a meio da semana fez umas pequenas cirurgias, que nem tinha treinado devido a isso, ali estava a menos de 200 m. De que força de natureza o Joaquim é feito? É de muito querer, muita dedicação e espírito de sacrifício. Podia seguir e nada dizer. Mas a minha admiração foi grande e incentivei-o com um: «Força Joaquim». Mas a força dele seria a minha “derrota”, caso ele me ultrapassasse. Aí dei tudo o que tinha.

Encontro mais um companheiro que já vai nas últimas, mas pouco faltava para terminar. Chego a um ponto que já não sei para onde ir e um polícia lá me indicou o caminho certo.

Corto a meta, pouco depois acaba o Joaquim e ali ficou selado entre nós, com um grande abraço, a amizade que une o “Pára e o Comando”.
P.S. – Os meus agradecimentos aos familiares que fizeram questão de ir até Portel apoiarem-me, à equipa Tandur (família Almeida e Veloso), à família Mota e a todos os companheiros desta aventura pelo convívio e amizade.

Os meus agradecimentos ao amigo Vladimir Quintana pelas fotos tiradas e pela presença.

Os meus agradecimentos a toda a organização pelo apoio e pela prova. Há que rever as fitas (não colocar tão espaçadas), mas o que posso dizer é que pela primeira vez não me perdi, e isto é garante que tudo é bom quando acaba bem.

5 comentários:

João António Melo disse...

Olá Mário, nota-se o entusiasmo com que encaras este tipo de provas, em que lutas contra as adversidades e dureza que se deparam durante o percurso, sempre amenizadas pelas belas paisagens e pelo contacto com a natureza. O alcatrão já lá via, pois foram tantas as repetições de provas que já pouco te dizem e as novidades são poucas para contar. Parabéns, mais um grande desafio superado com êxito!

António Almeida disse...

Belo relato Mário, renovo os meus parabéns por mais conquista, também eu desta vez não me perdi.
Abraço.

Vitor disse...

Olá Mário,
"Olha que dois" esta muito engraçado.
Eu diria mesmo "Olha que cinco" hihihihihiih
Bela prova que fez, fez tudo um pouco....
Desta vez fui eu que errei no percurso, mesmo assim foi um pequeno engano!
Abraço e bjs
Vítor e meninas

luis mota disse...

Olá Mário!
Foi um excelente fim-de-semana.
Gostamos muito de estar convosco.
Agora é recuperar para a Moita (apesar de inscrito ainda não sei se irei).
Obrigado pelas palavras no, pessoalmente e no tomaracorrida, que guardamos com carinho.
Cumprimentos da família Mota

joaquim adelino disse...

Eu bem sabia que aquilo era fogo de vista, a tirar fotos a torto e a direito,(agora vou apanhar o António!!!) e quase que acabavas era apanhado. A sério, não pensei que fosses a passar por tantas dificuldades, a minha sorte foi ter um gel, os rins deram o estoiro mas depois reagiram bem. Não sei o que me deu para facilitar tanto desta vez.
Mas não esperes muito pela demora!!!
Abraço.