26.4.11

Três em Um

Música: José Luis Encinas.-.Night in the South (Noche en el Sur)


24º Grande Prémio da Páscoa - Constância

Em companhia do Joaquim Adelino e da Analice, rumei à simpática Vila de Constância para participar no seu Grande Prémio pelo segundo ano consecutivo. Chegados ainda muito cedo, a Vila estava silenciosa e sem os enfeites caraterísticos da época.

Depois foi o encontro de “velhos” e novos amigos e a grata surpresa de ver ali a Susana e o Daniel com o seu rebento David. Começa cedo o puto a acompanhar os pais para estas provas atléticas (por enquanto ainda vai de carrinho). Foi também um momento de saudade de quem se reúne neste dia para memória de quem cedo partiu, “Margaret, hoje corro por ti”, vitima dessa terrível doença, cancro, que não escolhe sexo nem idade.


Dada a partida às 11h15’ vou com o Fernando Andrade, mas ele afasta-se rapidamente e assim vou correndo com o intuito de fazer a prova olhando para o rio bastante lamacento onde haviam barcos em competição e onde lá se encontrava a Otília representando a CLAC, clube organizador do evento. Falei com o Brito sobre isto, curiosamente liguei sempre a CLAC aos trilhos e nunca a eventos destes, esclareceu-me que a CLAC abrange vários desportos e não só na vertente do atletismo. Do outro lado do rio mais uma vez relembrei os “Trilhos de Almourol”, que tinha efetuado três semanas antes. Uma prova do Catano, do Camandro e do Caneco como diz o Brito.

Eu e Brito. Foto: Otília

E estava nesta de trilhos quando vejo à minha frente a Estela que juntamente com o seu marido Artur Gonçalves têm sido meus “companheiros” ocasionais nestas aventuras “trailianas”.

A pouco mais de um km do final o dueto passou a quarteto, com a inclusão do João Lima e do Pedro Ferreira. Aquele último km e principalmente os últimos 500 metros foram de “loucos”. Ao grito de «Vamos a isto…» foi um “sprintar” até ao fim.

Eu, Estela, João Lima e um pouco atrás, Pedro Ferreira. Foto: AMMA

49’41’’ marcou o meu cronómetro (50’21’’ oficiais). Uma bela prova num belo percurso.

IV Meeting Bloggers

Tendo o Nuno Romão como anfitrião, foi levado a cabo o IV encontro dos “bloguistas” que reuniu no “Restaurante Ti Coimbra” mais de 50 companheiros. Muitas caras novas neste encontro o que é sempre de realçar pois cada vez somos mais. Na voz do Orlando Duarte foi lido um trabalho magnífico feito pelo nosso Pára (já no ano passado na Costa tinha feito um trabalho formidável), Joaquim Adelino, que tecia considerandos sobre o blogue de cada um de nós ao qual o Nuno aproveitava para nos entregar a t-shirt alusiva ao encontro.

Depois do almoço a foto do grupo e onde, por curiosidade, falta exatamente o organizador do encontro o Nuno Romão. Obrigado Nuno, obrigado Câmara de Constância pelas lembranças, obrigado companheiros e até ao próximo ano em “Terras de Sicó”, a cargo do Fernando Fonseca, para o nosso “V Meeting”.

Foto: Luís Mota


Vídeos do Encontro - Autora: Mafalda Lima

Parte 1
Parte 2
Parte 3

34ª Corrida da Liberdade - Pontinha/Restauradores

Creio que nos 20 anos que levo de corridas nunca faltei a esta prova. Mesmo lesionado já a corri pois só sabe dar valor à Liberdade quem nunca a teve. Dizem uns que há Liberdade a mais, não, não há Liberdade a mais, há é quem se aproveite, em nome da Liberdade, para nos tramar porque sabe que o povo é sereno. Fosse o povo outro e esses já tinham sido corridos a pontapé.

Pela 1ª vez levei cronómetro. Queria ver até que ponto estava em boa condição física depois de ter corrido no Sábado os 10 km em Constância. O início da prova seria no Regimento de Engenharia nº 1, local onde foram enviadas as diretrizes para a Revolução do 25 de Abril de 74, e o seu final nos Restauradores.

Curioso, o cravo que tenho na mão confunde-se com os que tenho no peito. Foto: Mafalda Lima


Encontro com Luís Parro (autor da foto que está neste "template"), Carlos Melo e o reencontro com o Gilberto, Carlos Lopes, Pedro Ferreira, o João Lima e a esposa Mafalda, que estiveram também em Constância, e com ligeiro atraso foi dado o tiro de partida.

João Branco, João Lima, Abril presente e eu. Foto: Mafalda Lima

Um trajeto que foi em parte o mesmo do ano passado pelas Telheiras e aos 5 km ia com 23’32’’. Com o desce e sobe por três túneis do Campo Grande até ao Saldanha e a descida vertiginosa até aos Restauradores verifico que os últimos km deviam ter “esticado” com o calor pois sendo os mais rápidos eu tinha-os corrido a “passo” de caracol. Afinal tinha mais 700 metros (10,700 km) com o tempo final de 51’09’’ média de 4’46’’/km. Foi bom, é sinal que 20 anos de corrida em estrada ainda cá “moram”.

A acabar. Foto: Mafalda Lima


O convívio final entre amigos da "Fundação VCS" e conhecidos, um até à próxima que já é domingo no 1º de Maio e um nunca esquecer que ao se dizer «Mexa-se!» não é só com os olhos...

José Pais, eu, Fernando Faria, Liliana Pais. Foto: "Puda"

13.4.11

Por Serras e Vales

Música: Chris Spheeris - Electra


A história muitas vezes repete-se. Pode ter algumas pequenas diferenças mas o essencial está lá. O ano passado tive a minha estreia nos trilhos em Terras de Sicó (30 km) e no domingo seguinte fazia 40 km em Almourol. Este ano foi o inverso, fiz 40 km (todos os GPS apontaram para mais de 40 km) em Almourol e no domingo seguinte eis-me a fazer 30 km no Vale de Barris. 70 Km feitos no espaço de uma semana, e para quem não treina especificamente para este tipo de prova, é obra. Mas vamos a esta prova organizada pela Associação de Atletismo “Lebres do Sado” sediada no Vale de Barris.

Sabemos como começamos mas nunca sabemos como acabamos. Depois de uma semana com um único treino encarei esta prova como mais uma em que o motivo principal era registar em fotos o percurso percorrido. Os trilhos, as serras e os meus companheiros de corrida (por causa disso dei um grande trambolhão e ainda por cima em pedra solta).

Subida da Serra do Louro. Foto: Mário Lima

Se em Almourol, quando faltavam 6 km para finalizar, “arrumei” a máquina fotográfica para me concentrar unicamente em acabar a prova (6 km em trilhos é ‘muito’ km), aqui levei a máquina na mão até ao fim. Seria porque esta prova era mais “fácil” que Almourol? Não, não era, só que tinha menos 10 km e sendo mais curta, embora com grau de dificuldade elevado (para mim é quase tudo de dificuldade elevada ), acabei-a cansado, mas o corpo estava nos limites aceitáveis e nada de especial senti tanto a nível de joelhos como de músculos. O mesmo não tinha acontecido na prova do Domingo anterior.

Sendo 30 km em auto-suficiência (alguns esqueceram-se desse pormenor) requer cuidados especiais pelo menos a nível de líquidos pois o dia apresentou-se quente e sem água seria um problema. E tem outra caraterística, ninguém sabe com antecedência qual o percurso que se vai fazer e sabem porquê? É que graças ao "xico-espertismo" português há quem coloque em locais estratégicos abastecimentos e assim podem beneficiar do facto de nada levarem ficando mais “leves” relativamente a um adversário que levará camelback ou cinto guarnecido com garrafas de água e alimentos. Não sabendo por onde passarão, não há locais de abastecimento e partem todos em igualdade de circunstâncias.

Dada a partida, pouco depois logo uma subida em direção aos moinhos da Serra do Louro.

Perto de um dos moinhos. Foto: Luís Miguel

Foi em companhia da Estela Gonçalves e do Luís Miguel (o Tigre da Sibéria) que fiz grande parte da prova. Por três vezes tivemos que chamar companheiros que se encontravam perdidos. A Estela fez-se valer do apito e mesmo assim houve quem não aceitasse os nossos braços no ar pensando, diziam eles, que nós corredores estávamos a chamar por pessoal das BTT. Incrível. Estava bem marcado no terreno o traço a cal e mesmo assim foram por ali acima.

Quero realçar aqui a atitude da Estela junto à Serra de S. Luís. Ficamos ali um bocado às ”aranhas” pois não víamos fitas, uma adversária dela meteu-se por um trilho pensando que era o correto, a Estela viu a fita já na subida para a serra e chamou-a. Se calhar alguns deixariam de o fazer o que não foi o caso. No mesmo local e pelo estradão mais um grupo e numeroso iam no percurso errado. Lá gritámos mas desta vez acederam ao nosso chamamento e voltaram para trás. Depois foi o subir aquela serra.

Luís Miguel e Estela Gonçalves no sopé da Serra de S. Luís. Foto: Mário Lima

Sempre a Estela à frente, seguida do Luís Miguel e eu a fechar o trio. Aquilo era pedras, pedregulhos, matagal que nos arranha pernas e braços (o melhor nestas circunstâncias é levantá-los, os braços claro!). São 395 metros de subida agreste. Não víamos uns aos outros, só gritávamos para saber se íamos no sítio certo. Fitas nem vê-las. Apareciam umas de trapo já desgastadas pelo tempo. Mas a Estela sempre à frente gritando: «É por aqui», o Luís passava palavra e eu avisava o pessoal 'perdido' que já vinha ali perto. Depois foi uma maravilha. Setúbal e a península de Tróia em frente dos nossos olhos. Fotos para a posteridade (ver vídeo), passagem pelo posto de vigia e o descer a serra.

Eu e Estela Gonçalves no cimo da Serra. Foto: Luís Miguel

Se em algum sítio foram as cordas que nos safaram de ir pela serra abaixo, noutras foi pura sorte. O companheiro que vinha atrás de mim escorregava constantemente e batia-me nas pernas, estava a ver que íamos os dois à “reboleta” tantas as vezes que tive que travar a sua queda. Depois da serra vencida, curiosamente… Fiquei só! A Estela para “fugir” à adversária foi-se embora, o Luís como tigre que preza ser, 'confundiu-se' com o verde e nunca mais o vi. Os que vinham atrás de mim devem ter ficado estourados com a descida e devem ter reduzido a corrida e eu para ali fui e foi aí que mais me custou a prova. Sem ninguém por perto fui subindo, fui descendo, procurando ver as fitas e não me enganar. Chego a um estradão. Uma fita aqui outra sei lá aonde depois fiquei sem saber se estava no caminho certo, e lembrei-me daquilo que a Dina Mota me disse em Alqueva: «Mário, quando não vires nenhuma fita é sempre em frente». E fui e encontrei alguém a quem perguntei se tinha visto corredores por ali e ele disse: «Está ali um senhor de bicicleta» E foi esse companheiro que me fez ver que estava no caminho certo e entrei em mais um trilho, ele não sabia quanto faltava para acabar, nem eu!

Vejo uma t-shirt vermelha lá no alto depois de uma casa abandonada. Tinha um companheiro à vista. Mas em trilhos tanto se tem à vista como depois não vemos ninguém. E continuei e desesperei, nunca mais via o fim daquilo. Mais subidas e eu com vontade de ficar sentado à beira do caminho. Mais uma estrada e algo me dizia que já faltava pouco. De repente vejo o companheiro de vermelho, era o amigo Carlos Coelho. Mais à frente o Joaquim Adelino tirava-nos uma foto (fazes falta companheiro é junto a nós, mas tens jeito para fotógrafo).

Eu e Carlos Coelho nos metros finais. Foto: Joaquim Adelino

Depois foi o terminar de mais uma aventura por serras e vales.

Acabei. Foto: Mário Lima



Classificação Geral

Outras Fotos:

Jaime Mota



Abastecimentos utilizados:

- 1 litro de 'Limonada' caseira (cheguei ao fim ainda com líquido)

- Aos 13 km uma barra de chocolate "Mars"

- Aos 23 km uma banana e nada mais.

5.4.11

O Último dos “Trailianos”

Música: Armik - Lovers in Madrid


Alguma vez tinha que ser, fui o último deste II Trilhos de Almourol. Mas valeu a pena ser o último. Levei a minha máquina e fui tirando fotos pelo caminho. Parei aqui e ali. Aguardei que o vento amainasse para tirar uma foto a uma simples flor.

Vi maravilhas, a bateira 'Abringel' ali esquecida…

Foto: Mário Lima

Atravessei a ponte que a "Escola Prática de Engenharia" tinha colocado sobre o Rio Zêzere...

Foto: Mário Lima

Passei por baixo de árvores, subi pedras, desci por cordas, caí duas vezes, atravessei riachos de água cristalina e aos 21 km encostei. Ia desistir! Tinha acabado de subir uma serra, aos 18 km, com mais de 40% de inclinação e estava estourado.

Foto: Henrique Narcíso

Iria desistir num sítio bonito, do outro lado Constância piscava-me o olho. Ali 12 dos meus companheiros ficaram. Tinham, como eu, chegado ao limite das suas forças.

Foto: Mário Lima

Mas alguém falou em Almourol. Quantos km’s até lá? Uns 5/6km. Vou ver o Castelo. Esqueci-me do corpo já cansado e percorri mais serras, mais trilhos e vi Almourol. O Castelo tinha-me vencido. Por ele valia a pena ter ido até lá. Lindo, no meio do Tejo a nossa Bandeira desfraldava lá em cima no mastro. Sou Português aqui, agora e sempre!

Foto: Mário Lima

Mas ainda faltavam cerca de 13 km para chegar. Olhei para os meus companheiros que quase desde o início faziam o mesmo que eu, tiravam fotografias. Decidi continuar...

E o Arrepiado do outro lado.

Foto: Mário Lima

Muitas vezes só, mais pedras, mais musgo, mais uma subida: - «Olá Delta da Lebre. Não me venceste da outra vez também não me vais vencer desta». Cerrei os dentes e subi aquelas pedras rolantes. Já nessa altura era o último. A meu lado, pela primeira vez na minha vida, ia o «vassoura».

O discernimento na parte final não era muito, o cansaço não me deixava pensar e quando tinha ultrapassado um companheiro (Ricardo Nishizaki) enganei-me no caminho. Estava tudo bem marcado, mas não vi. E continuei com o meu “sombra”. Corri, andei, estourado voltei a correr para chegar dentro do tempo limite. Sempre incentivado fui chegando ao fim. Conforme ia passando, os que estavam na organização iam arrumando o que tinham para arrumar... E ladeado pelo meu «vassoura» e por um outro elemento da CLAC terminei.

Foto: Joaquim Adelino

Para ti Brito, para ti Otília, para vós CLAC o meu muito Obrigado pelo vosso bem receber. Estiveram excecionais!

A ti amigo Joaquim, com desejos de rápidas melhoras, ofereço esta minha prova, fui o primeiro dos último, mas muitos ficaram pelo caminho.

“Desistir é a última das opções”, eu não desisti, mas não voltarei a correr Almourol. Ficarei com estas maravilhosas imagens gravadas dentro de mim. Comecei muito tarde, tivera eu conhecido isto mais cedo e outro “Comando” cantaria.

Almourol, até sempre!

Fotos do Vídeo:

Mário Lima
Joaquim Adelino
José Brito
Fernando Cerdeira

Classificação e outras Fotos:

Os Trilhos de Almourol

Acabaram 185, desistiram 15