31.10.11

19ª Corrida do Monge

Pela 2ª vez envergo a t-shirt do 'O Mundo da Corrida' e pela 2ª vez não chego ao fim.

Com colegas de trabalho e o Eurico Charneca. Foto: José Carlos Melo

Se na primeira vez o facto deveu-se a eu desistir por não poder mais, desta vez foi uma organização vergonhosa que não teve o cuidado de verificar que ao mesmo tempo que a nossa prova decorria uma outra de BTT, com as mesmas fitas e com traços e setas no chão.

Com Melo e Analice. Foto: José Carlos Melo

Com Pinho e Ana Pereira. Foto: António Melro Pereira (AMMA)

Perderam-se mais de 80% de corredores, alguns fizeram mais de 20 km e mais uma vez entrei numa carrinha para me levar para a meta pois andámos perdidos (embora já a caminho da meta) mais de uma hora e meia pela serra.

Eu fiz mais de 16 km e só posso dizer que foi uma vergonha o que aconteceu.

A prova BTT não era pirata. Foi organizada pelos BV de Colares daí muitos companheiros terem ido parar a Colares pois era a marcação das fitas para as BTT.

Aqui está e bem referenciada a prova e os Regulamentos são de 1 de Setembro de 2011. Estive a comparar os percursos e bate certo em alguns pontos com o nosso.

Regulamento, percurso e prova da BTT

E não custava nada evitar que isto acontecesse, bastavam uns letreiros perto dos 5 km onde foi que todos nós virámos para a prova da BTT, com os dizeres 'Corrida do Monge' e uma seta a indicar o caminho correto, já que no chão se encontrava um traço contínuo e setas a cal a indicarem o caminho... para as BTT.

Mas não, ficaram impávidos e serenos e depois eram dezenas de nós, perdidos na serra, sem saber por onde ir. Eu não levo isto na desportiva pois ainda tive que cuidar de um companheiro que estava no chão com cãibras e a nossa 'malta' a passar e ninguém o socorria. Qual companheirismo qual carapuça. É um salva-se quem puder? Uma medalha ou um pão com chouriço vale mais que um companheiro aflito na terra do nunca? Se eu não tivesse parado e ajudado, ele ficaria por ali no meio da serra e ninguém o iria buscar pois sem o sabermos já nessa altura estávamos perdidos.

A sorte do grupo onde ia, é que havia um dos nossos que conhecia mais ou menos a zona e quando se viram fitas para a direita num determinado local, disse que por ali íamos parar a Colares e a bússola do GPS indicava o sentido contrário para Janes. Se não fosse ele eram mais uma dezena a ir parar a Colares. Tivemos sorte, os locais de abastecimento dos BTT forneceram-nos água e algum alimento para quem quis. E depois de mais km a andar, pois já ninguém corria, foi uma carrinha que nos levou até à meta.

Na Meta era o caos. Pessoal indignado, carrinhas a despejar atletas atrás de atletas que foram recolhidos na serra. Os cuidados de familiares com alguns companheiros que não chegavam à meta e sabiam que se tinham ferido na prova e por lá andavam perdidos.

Eu não queria atravessar a Meta. Tinha chegado de carrinha, fiz mais km do que estavam no Regulamento, andei duas horas e tal pela serra e era uma forma de demonstrar o meu desagrado pela péssima organização.

Vieram ter comigo para o não fazer, a fim de controlarem quantas pessoas ainda faltavam para chegar ao fim. E vi chegar a Analice, e vi chegar companheiros do ‘O Mundo da Corrida’ e vi chegar muitos com os rostos crispados de indignação.

Nesta prova não pode haver classificações e terá que ser anulada. Se oficializaram a prova, é mais um erro de palmatória desta organização.

20.10.11

Treino de 35 km, Sim ou Não?



Esta questão surgiu depois de ter escrito o tema anterior e ter colocado o meu plano de treinos para a Maratona que penso realizar em Dezembro.

Será necessário efetuar treinos de 35 km, como alguns companheiros se propõem fazer, para avaliar os índices físicos a 15 dias da Maratona?

Fiz quatro Maratonas (1992/93/94 e 97) e todas elas foram preparadas e planeadas três meses antes da prova. Estive a ver os meus planos de treino e em nenhum plano tenho lá um treino com essa quilometragem. Como na época não havia GPS nem net onde pudéssemos avaliar a distância percorrida, fazia o trajeto dos treinos longos de carro e apontava os km mediante referências vistas no percurso; sinais de trânsito, casas, centro comerciais, etc., tudo num papel. Quando fazia o treino levava o papel (plastificado) no pulso e com o cronómetro sabia os km e o tempo gasto nesse treino.

Num dos treinos que fiz estava lá de Famões (onde na altura morava) a Guerreiros (Loures), mas não tinha os km. Seriam 35 km ida e volta? Fui ao ‘Google Maps’ e verifiquei que perfazia 14,700 km. Ida e volta 29,400 km. Resultado nunca fiz um treino superior a 30 km para uma Maratona. Os tempos feitos por mim nessas quatro Maratonas (3h08´21´´, 2h57´12´´, 3h04´04´´, 3h16´33´´).

Um amigo (Fernando Paiva Santos) disse que ia fazer esta semana o último treino de 30 km para a Maratona do Porto que se realiza dia 6 de Novembro. Estive a ver os planos de treino delineados pelo Mário Machado para o Fernando Santiago, que realizou três Maratonas no espaço de três meses (Algarve, Porto e Lisboa), e nele também não consta treinos tão longos (embora este plano tenha sido depois do Fernando ter feito a do Algarve).

Fernando Andrade, outro grande Maratonista, que tem no seu curriculum mais de 40 Maratonas, terá feito algum treino destes?

Penso que o ideal será mesmo não fazer um treino tão longo. O facto de fazer 35 km em treino não significa que aguentemos os 42 da Maratona. Dos 35 km aos 42 ainda faltam 7 km e muitas vezes é nesses últimos km que claudicamos.

Como diz o Jorge Branco num seu comentário e que eu sigo: “O segredo da maratona está na regularidade do treino e na sua qualidade e não nessas “tareias” de 35 km”.

E foi essa regularidade que vi na última Maratona do amigo Luís Mota no Algarve, na 1ª meia (21,097 km) - 01:22:48, na 2ª – 01:23:31, tempo da Maratona - 2:46:19.

Mas cada caso é um caso e se alguém pensa que deve fazer um treino nessa distância, tudo bem! Isto é como a velha história de fazer sexo ou não antes das provas. Tinha um companheiro que dizia que se não o fizesse antes, a prova não lhe corria bem (mas nunca teve grandes resultados) e foi um rir à gargalhada quando na última prova que fiz, um grande atleta disse mesmo à nossa frente e à frente da companheira, que depois da prova é que era bom, pois estava com a testosterona em alta.

Mas também não fazer como um selecionador fazia com os jogadores da seleção de futebol. Colocava-os em estágio no hotel durante uma semana e sem direito a relações sexuais. Resultado, não saíam eles pela porta, entravam elas pela janela.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra!

Bons treinos!

P.S. - O vídeo colocado exemplifica o que fiz na Maratona em 1995 e nas outras Maratonas. Fazia a Meia-Maratona da Nazaré e 15 dias depois a Maratona.

17.10.11

Treino para a Maratona

14 anos depois, vou voltar a fazer uma Maratona. Seria no Porto como o ano passado o tinha referido mas, como não deu, será na de Lisboa que o farei.

O objetivo é o de ajudar um companheiro a concretizar um sonho, o sonho de fazer uma Maratona. Assim eu e outra companheira de estrada (Henriqueta Solipa) vamos fazer com que esse sonho se concretize.

Como levo sempre a peito tudo aquilo a que me proponho, delineei um plano de treinos baseado na última Maratona que fiz em 1995, adaptando consoante as necessidades e à minha forma atual (fraquinha diga-se de passagem).

Naturalmente que não farei o tempo dessa altura, mas a intenção também não é essa. É o começar e acabar com o companheiro em questão. Até pode dar o caso de eu não aguentar e ficar pelo caminho, mas não vou pensar nisso, na altura logo se verá.

Aproveitando a 1ª Corrida do Sporting neste domingo, faria de Odivelas ao Estádio de Alvalade 5 km, a prova - 10km, e o retorno até Odivelas, outros 5 km, no total de 20 km para o tempo de mais ou menos 2 h.

Acabei por fazer 2h20'. Cheguei ao Estádio cedo demais, andei à procura do José Lopes para fazer a prova com ele mas no meio de tantas 'jubas' não o vi e comecei de trás pois para além de não ter dorsal não fazia sentido estar a 'empatar' quem tinha pago a prova e eu estar ali no meio a fazer número.

Estive com companheiros do local de trabalho e fiz a prova na boa, que foi impecável exceto aquele início muito afunilado para tantos corredores.

Na partida. Foto: Leta Pais

Corri a prova até à entrada do Estádio e claro que não ia entrar pois naquele covil só entrava quem levava chip e dorsal. Dei meia-volta, estive por ali sempre correndo, vendo o pessoal a chegar.

Depois foi o regresso a Odivelas, ainda me 'apanhando' pelo caminho o José Magro e o Hamilton Dias que, depois da corrida, se dirigiam para casa... de carro!

Foi um bom treino!

P.S. - Uma observação. Não bebi uma única vez das garrafas distribuídas pela Organização. Levei sempre a minha do princípio ao fim como se pode ver pelas fotos. Não fazia sentido não pagar e usufruir de água que os outros companheiros pagaram. Para que se conste!

6.10.11

II Trail das Terras do Grande Lago*

“A nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez.”

… E teria um dia que acontecer. Pela primeira vez desisti. Custa ter desistido a quatro km do fim, mas sabia que esses últimos km seriam dramáticos pois é um sobe e desce constante e não tinha condições físicas para os vencer.

Ao contrário do ano passado, desta vez não levei a máquina para tirar fotos pelo caminho. Queria fazer a prova sem grandes paragens e levar a camisola de ‘O Mundo da Corrida’ a cortar a meta em melhor tempo que do ano anterior.

Os primeiros km foram vencidos sem grandes problemas, o maior problema era a canícula que se fazia sentir. Um verão outonal que queimava. A limonada que levava no cantil era um chá quente. Não se podia beber. Em todos os abastecimentos fui bebendo e não foi por aí que desisti. Desisti porque não tinha hidratos de carbono, não tinha reservas para enfrentar os km em falta. Desgastei-me e não comi o que deveria comer. Com bananas à disposição, e marmelada que levava não lhes toquei e fui ao limite. No abastecimento onde se encontrva o António Almeida, a Paula Fonseca ainda me fez sorrir com o grito de: "Olha o Mário" e zás, lá vai foto.

À minha frente o Carlos Coelho, atrás o Joaquim Adelino. Foto: Paula Fonseca

Fui com o Joaquim Adelino por vários km. Num fontanário ele encheu o 'camelback' e ali tomámos um 'duche'. Atenuou um pouco os efeitos do intenso calor. Mas o Joaquim neste momento vai adquirindo a forma e seguiu.

Perto do abastecimento dos 22 km. Foto: Espiralphoto

Aos 22 km depois da subida mais íngreme que me lembrava do ano passado, já não podia mais. O Fernando Fonseca incentivou-me: «Vai Mário, és um duro». Encostei-me a uma árvore. Sentado, outro companheiro tinha desistido. Outros já tinham ficado pelo caminho. Mas lembrei-me que tinha feito Melides/Tróia. 43 km em areia, duríssimos e tinha conseguido. Deu-me uma de raiva e segui caminho. O companheiro que estava sentado veio ter comigo e lá fomos os dois. Viria a ficar no abastecimento seguinte.

O meu objetivo era chegar ao fim e mais uma vez não comi nada. Segui até ao abastecimento dos 29 (?). Já só andava, nem tentar correr podia. O sol queimava e eu bebia, bebia… Nesse abastecimento, vejo chegar a última atleta com o Zé Magro o “Atleta vassoura”. Enquanto eles ali ficavam vou caminhando. Encontro o Carlos Coelho. Vejo-o de longe, o corpo bamboleia. Dobra-se e chego ao pé dele. Seguimos os dois. Um casal conhecido, encontro-os parados. O homem já não pode mais e desiste, a companheira segue (viria a perder-se mais tarde). Ouço vozes atrás, ali vinha o Zé Magro. A atleta que vinha com ele, passa por nós em passo rápido, até parecia que eu estava parado. E o Zé fez-nos companhia. Atrás vinha uma carrinha com alguns desistentes. O Fernando Fonseca a apanhar as garrafas deixadas pelo caminho e eu disse que já não podia mais. O Zé sempre incansável a puxar por nós. Passamos os 30 km, o Fernando foi-me buscar uma garrafa de litro e meio e despejei-a pela cabeça abaixo. A meu lado, o Carlos também em queda. Começou a dar-me vómitos e aos 31 km desisti. Pela primeira vez entrei numa carrinha (já tinha entrado mas por lesão aos 29 km nos 50 km da Geira Romana). Vomitei e fiquei melhor mas já nada havia a fazer. Restou-me a consolação de ter sido o último a desistir. O Carlos acabou a prova com o Zé Magro. Dentro da carrinha só pensava numa coisa, beber uma cerveja preta bem fresquinha e, quando a carrinha chegou a Portel, foi o que fiz… E que tão bem ela me soube!

Obrigado Fernando e Zé Magro pelo apoio. A Organização de ‘ O Mundo da Corrida’ esteve impecável.

… E como a frase que abri este tema: "o caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez", pró ano voltarei e irei vencer de novo o Grande Lago!

O Grande Lago. Foto: Mário Lima