Mas como não há mal que sempre dure, um "Lion" como eu, habituado aos extremos tanto do corpo como da alma, moldado em terras e picadas africanas e não em cheiro de pneus no asfalto, sabia que voltaria a enfiar os ténis, subir e descer montanhas curado das maleitas.
O meu regresso seria exatamente nesta prova, que fora o 1º ano que lá participei (2011) que me motivou uma escrita de desagrado, tinha todos os condimentos para o meu voltar aos trilhos. Curta (11.458metros) mas dura qb para verificar se a "máquina" funcionava em pleno.
Assim com a Analice, fomos até Janes onde o reencontro com os amigos foi intenso e felizes com o meu voltar ao convívio de todos eles. Um olhar permanente para o GPS para um começar a sentir a adrenalina da partida, das conversas de ocasião, da amizade que se sente.
Levo a minha máquina fotográfica na mão. Iria correr sem pressa, tirar fotos, voltar a sentir o prazer da corrida.
Dada a partida, quatro km sempre a subir. Depois foi o embrenhar por caminhos de fetos, pontes de toros, riachos correndo num ambiente mágico, onde a natureza nos substitui, onde somos pequenos nadas comparados com a luxuria do verde que nos rodeia.
Umas descidas mais técnicas, um passar de km e sempre o verde presente. Depois da Albufeira do Rio da Mula vem o corta-fogo tão temível que todos antes de o subir já sentem o peso dessa subida. Mas, lentamente, vai-se subindo.
Chegado ao topo e depois do cruzamento da Portela, vem as descidas e, com elas, aumento o ritmo. Como costumo dizer a cabeça que vai à frente é sempre para vencer. E passei muitas cabeças até que a meta se avizinhou. Transporta a meta, fui aguardar a chegada dos companheiros da Associação e da Analice.
Chegada em apoteose desta senhora de 69 anos. Numa passada infernal e ao som dos aplausos dos presentes corta a meta mão na mão com a Célia Azenha. Grande prova desta pequena/grande Mulher.
Embora tivesse ficado em 10º lugar em 20 do meu escalão, não aguardei pela entrega da medalha já que ia acontecer muito tarde e viemos embora. Ficou a certeza que, pouco a pouco, voltarei em termos de saúde ao caminho certo, que tudo o mais fará parte do passado.