23.11.09

Mendiga – Entre duas Serras

Pela primeira vez fui correr a Mendiga, prova que vai na sua 22ª edição o que é de salientar para um local “perdido” entre duas Serras, a de Aires e Candeeiros.

Serra dos Candeeiros

O nome de Mendiga vem pelo facto de no início haver apenas três casas e nelas teriam habitado alguns mendigos. Como sempre há quem diga que assim não é, mas se hoje ainda se discute onde nasceu o nosso primeiro rei é natural que estas povoações mais antigas que Portugal não se chegue a conclusão nenhuma, pois pelo que li já os romanos por esta zona tinham andado (quem gostar de História Universal pode ler aqui sobre o Império Romano).

O Grupo do CCD de Loures marcou presença, tendo participado na caminhada a Ana, esposa do José Pereira.

CCD Loures

Uma ligeira brisa e um sol envergonhado, as serras envolventes, o pinhal onde o verde musgo encobriam as árvores e rebentos de cogumelos em chão atapeado por folhas onde aqui e ali se viam pedras dispostas em pequenos quadrados (castros?) o que adivinhava ter aquilo sido habitações do passado, indiciava um dia propício para se fazer uma boa prova.



Depois de levantados os dorsais, a inscrição para o almoço. O aquecimento e aí o convívio e o abraço aos “velhos” conhecidos e aos novos agora dos que cimentam a sua amizade através desta forma de comunicação, os blogues.

Carlos Coelho, um conhecido da prova do Entroncamento, marcava presença e gostei de saber que já tinha feito a sua estreia na Maratona, na cidade invicta. Conheci o Luís Mota do blogue Tomar a Corrida, através do Joaquim Adelino, O Ventura Pires, já há muito conhecido mas nunca falado, e às 11h foi dado o tiro de partida. Eu, Joaquim e o Daniel (o genro do Joaquim) ia marcando o andamento em andamento de treino (para ele), lá partimos juntos. Sou franco em dizer que pensava que a prova fosse mais difícil. Tinham-me referido grandes subidas mas são subidas suaves. Com aquelas subidas a gente chega ao céu sem notar. Íamos a um ritmo de 4’40’’ por km. Bom andamento. Com a chegada do Vítor Moreira do CCD tentei saber até onde podia aguentar um ritmo de corrida inferior a 5’/km. Fui com ele do 10º ao 13km com um tempo de 1h03’12’’. Aí verifiquei que não podia manter esse ritmo e aguardei pela chegada do Joaquim e do Daniel. Chegámos os três com 1h23’00 para os 16.300 metros.

Gostei. Foi um bom sinal, agora é em treinos, para um mesmo tempo, percorrer uma maior distância. Pouco a pouco vai-se chegando lá.

O almoço foi um belo momento. Pavilhão cheio, boa organização, abrilhantado por um grupo de acordeonistas tocando música tradicional portuguesa, só faltou alguém mais corajoso abrir o baile.

CCD Loures


Às 15h procedeu-se à entrega dos prémios e sorteio de várias ofertas. Aí conheci o Luís Parro do blogue Raide e outras corridas. O CCD teve um 2º e um 3º lugar (António Henriques e José Pereira respectivamente) e ficou em 16º por equipa.

José Pereira e António Henriques

Porto de Mós e Mendiga serão um local a visitar futuramente para desfrutar a bela paisagem e a história deste lugar, mas sem ser em corrida.

Para correr será até ao próximo ano. Parabéns à organização pela prova e Parabéns pelo belíssimo Pavilhão Gimnodesportivo que Mendiga possui.



P.S. - Penso que quando se realiza uma prova, esta tem que se nortear pela verdade, tanto na vertente dos prémios, escalões de seniores e veteranos, assim como na distância a realizar. Segundo a Xistarca (organização) e muitos outros locais de responsabilidade, a distância a percorrer seria de 16.600 metros. Segundo o regulamento da prova, tal como estava no panfleto, a distância é de 16.300 metros, como se pode ler Aqui). É que para quem tenta saber a sua evolução, depois de uma lesão de dois anos, 300 metros faz muita diferença. Obrigado!

16.11.09

Nazaré - O Antes e o Depois.

Uma chamada de atenção para já para as autoridades da Nazaré. É inadmissível que, na noite de Sábado para Domingo, tenha música de “abanar o capacete” tão alta, num bar qualquer no centro da vila, que impeça o dormir descansado. Que os jovens se queiram divertir tudo bem, mas que o local seja insonorizado a fim de não incomodar quem lá vai ou de visita ou para participar na prova de atletismo. Penso que também quem lá mora se sentirá incomodado com aquele barulho. E depois os gritinhos histéricos das meninas, ou estavam muito agitadas ou faltava-lhes uma certa agitação, era demais para quem queria e não podia dormir.

Vamos à prova!

Não é nem será a última vez que visito a Nazaré. Todos os anos lá vou, se não para correr para ver as suas marchas como aconteceu o ano passado. Cheguei no Sábado à tarde e fiquei no "Hotel Maré" (passe a publicidade) bem centralizado. Lá vi a “nossa” Rosa Mota, madrinha da prova que ainda tem o melhor recorde da meia-maratona na Nazaré e o casal Isabel e António Almeida. Nem sabia que estavam no mesmo hotel e foi por mero acaso que nos vimos. É o que faz ir à varanda ao mesmo tempo.

Desde 2005 que não ia lá correr devido a lesão. A primeira vez que lá corri a meia-maratona foi em 1992 com o tempo de 1h22’58’’, excepto em 1993 que fui com um meu irmão, principiante nestas lides (1h40’52’) todos os outros tempos que lá tive foram sempre de 1h22’ a 1h25’. Em 2005 (já em declínio, 1h42'34''), Sábado e Domingo foi de autêntico aguaceiro. O mar chegou à estrada, quando cortei a meta uma onda tinha lá deixado espuma.

Desta vez foi um Sábado de autêntico “verão”. Embora encoberto o tempo estava magnífico. Com a noite mal dormida devido ao “puncatapum” que se ouviu quase toda a noite, de manhã depois do pequeno-almoço há que preparar para a prova. O dia ”acordou” com vento, mas sem chuva (depois da prova choveu copiosamente).

Nazaré 2009


O reencontro com vários companheiros, o Joaquim Adelino, a filha Susana, e o genro (que lhe pregaram uma boa partida), o José Magro, os companheiros do CCD, o carequinha Gilberto que está em todas (uma vez até o vi na meia-maratona da minha terra, Póvoa de Varzim).

O apito apitou várias vezes e lá partimos. Como era ainda uma distância que não tinha corrido desde a lesão, fui com os amigos Morais e Calisto que iam numa passada económica, o que me convinha. Os km lá se foram conquistando e a subida até Famalicão sempre na maior. No outro lado, já no retorno, iam passando rostos conhecidos, o António Almeida, toda a equipa do CCD (eu era o último para não variar), o Daniel, a Susana, o Andrade, incentivos mútuos e ala que se faz tarde.

Placa dos 15 km, máximo que até aqui tinha corrido (Benavente). Tudo o que conseguiria fazer depois disto seria ganho. 16, 17, 18 km, aqui os joelhos começaram a doer. Disse adeus aos meus companheiros (obrigado amigos) e depois fui quase a andar até acabar a prova. Tempo ofical 2h00’07’’ (relógio 59’37’’).

Entre os 19/20km passa por mim um sujeito todo nu. Todo não! Levava sapatilhas e um boné. Quando viu um polícia foi para trás de um carro e como tinha os calções na mão apressou-se em vesti-los. Claro que o polícia foi ter com ele e não sei como aquilo ficou, mas há cada maluco.

Ao olhar para o antes e agora para o depois é que verifico o quanto fui perdendo. O antes eram 1h22’, o depois, 2h.

Nazaré 2005


Nazaré - 2005



Melhores tempos virão!


P.S. - O meu muito Obrigado ao Joaquim Pombeiro, mentor e organizador da prova Os 13 km da Chesol, pelo comentário deixado nesse meu tema. Quando um dia essa prova estiver de novo no calendário do atletismo nacional, saiba que é com muito gosto que lá voltarei. As boas provas nunca se esquecem e os "13 km da Chesol" está e estará sempre nas minhas boas recordações. Bem-Haja Joaquim!

2.11.09

Chegar juntos... com 2' de diferença.

O título deste tema fará confusão, pois como se pode chegar ao mesmo tempo com 2’ de diferença? Vamos aos factos.

Ribafria, uma povoação para os lados de Benedita. Teria às 10h30’ o início dos 12,5km. Às 10h começaria a 5ª caminhada. Homenagem póstuma ao atleta do CRP, Joaquim Marquês, falecido em Março último.

Esta seria a 6ª vez que iria participar nesta prova. Das vezes que lá fui sempre choveu. O céu encoberto anunciava chuva, miudinha mas lá caiu. O pessoal do CCD de Loures mais uma vez disse presente e ali estávamos prontos para mais uma corrida.

Prova começada, sigo com o Joaquim Adelino, meu companheiro de muitos anos de estrada. Os nossos companheiros do CCD logo se adiantaram. Lado a lado lá fomos “comendo” os km. Quando é a descer todos os santos ajudam, agora a subir não há santo protector que me ajude e, assim, perto dos seis km, tive que dizer “adeus” ao Joaquim que seguiu numa passada sempre certinha, sem fraquejar, e vi-o cada vez mais a afastar-se de mim. Por várias vezes fui a andar pois quem já correu o que tinha a correr o resto é sofrimento.

Faltava perto de um km para acabar a prova quando vejo o Adelino, parado, a conviver com uns amigos que fazem uma patuscada, à berma da estrada, há já 15 anos. Palavra que pensava que ele já tinha acabado a prova e que tinha voltado para trás para conviver com esses seus conhecidos.

Diz-me ele: - Mário pára o cronómetro e vem beber aqui um copo. Assim fiz e lá fui beber uma água-pé, umas sandes de carne e ali ficámos na conversa durante um tempo. O Adelino todos os anos faz isto... Antes de acabar a prova.

Na partida, à passagem pelo local, ele tinha lá deixado a máquina fotográfica para uma foto de “família”, com mais três corredores que também tinham parado para conviver com estes amigos. Qualquer dia a organização irá surpreender-se pelo facto de só aparecerem meia-dúzia de atletas ao fim da prova, os outros estarão por certo a comer e a beber... a 1km da meta!
Convívio à berma da estrada (foto do blogue do Adelino)

Foi um espectáculo. Depois lá começamos a correr o km em falta e chegámos os dois ao fim com o mesmo tempo, 1h16’18’’. Só que o meu cronómetro tinha 1h06’29’’ e o dele 1h04’26’’. Aqui está a razão do título, chegámos os dois com o mesmo tempo só que ele ganhou-me com dois minutos de avanço.

Quero deixar aqui o meu agradecimento a esse grupo de amigos e à organização do CRP de Ribafria pelo carinho que nos presentearam. No fim havia uma mesa com broas de erva-doce, sumos, e não só, para quem quisesse.

Depois foi a entrega de prémios com o CCD ganhar dois 3º lugares, um pela Susana Adelino (filha do Joaquim) e outro pelo nosso campeão veterano José Pereira.

Para além do prazer de correr esta prova, sempre com público a apoiar , tem outro aspecto deveras importante, é dia de convívio em “Tangará”, onde o nosso amigo José Pereira e esposa nos presenteiam com um almoço na sua Quinta.
Depois do almoço um passeio pelas redondezas, com explicações do Camilo (filho do Zé) um expert na matéria no que respeita à cultura da pêra-rocha (o forte da zona). Mostrou-nos como se processa tudo, e ali no campo apanhámos uma romã, uma maçã reineta, só para ter o prazer de ver como a natureza é benfazeja com homens assim dedicados.
E assim se passou um Domingo maravilhoso junto de gente maravilhosa. Para ti Zé, para a Ana e para os teus filhos aquele abraço amigo de muitos anos de convívio.

Já era noite escura quando de lá partimos, uma chuva miudinha caía, um atravessar de uma zona ainda protegida pelos deuses, e um até para o ano em “Tangará”.