27.12.10

S. Silvestre de Lisboa - 2010

Mentiria se dissesse que gostei mais desta prova este ano que no ano passado que a corri pela primeira vez. Sinceramente gostei mais do ano passado. Talvez porque haviam mais iluminações de Natal na baixa pombalina, talvez porque senti mais calor humano a sair daquele pequeno espaço do Rossio, talvez porque no ano passado corri com amigos lado a lado e este ano corri sozinho. Não gostei.

Encaro esta prova como uma despedida do ano velho junto de amigos e não foi isso que aconteceu. Ficou por dar aquele abraço a gente amiga; à família Veloso, à família Almeida (embora tivesse visto a Isabel na segunda passagem rumo ao Marquês), ao Joaquim Adelino, à família Mota (nem sei se lá estiveram embora pense que sim, o ano passado fiz quase toda a prova com a Susan, a Mariana e o Joaquim), ao João Melo, ao José Lopes, ao Brito e Otília (vi o Brito no retorno mas passou tão rápido que quando levantei a mão para o saudar já ele tinha passado, ).

Valeu-me encontrar o Carlos Coelho, o Parro e a Fernanda, o Gilberto, os irmãos Fábio e Hamilton, no final o José Melo e também que desta vez tive, a ver-me correr, quem muito comigo correu em muitas provas há já alguns anos atrás, o meu irmão mais velho, obrigado mano pela tua presença.

Depois foi o facto de ficar junto ao pano que dizia + 60. Pensava que era um separador de idades (não reparei no pormenor da sinaleca dos minutos) e como já não falta muito para lá chegar por ali fiquei. Afinal era um separador de tempo e eu nem a brincar faço 10 km a 6’ por km . Quando me apercebi já dali não podia sair e à minha frente, ao meu lado, num atropelo, estavam pessoas que iam fazer só os 3 km.

Como já o disse em temas anteriores, não sei para que servem os chips. Quando quase 3,5’ depois do tiro de partida passei a passadeira, verifiquei que estavam lá os tapetes electrónicos a assinalar a minha passagem, mas estavam lá a fazer o quê? Nada. A minha classificação final teve como base o tiro de partida e não a minha passagem pelo tapete. Resultado, tempo oficial, 53’50’’, tempo chip, 50’25’’. A classificação deveria estar pelo tempo do chip, porque esse é o tempo real e não pelo tiro de partida. Ou seja ficou à minha frente quem deveria ter ficado atrás e ficou atrás quem deveria ter ficado à minha frente. Isso é irrelevante mas a razão é para que é que servem os chips?! Deve ser só para se saber que se esteve lá e nada mais.


As “eternas” obras da Avenida Ribeira das Naus nunca mais acabam. Se na Avenida "corressem" naus teriam que ir os faroleiros à proa para ver se não havia um banco de areia ou pedregulhos a impedirem o caminho. Nós tivemos que ir às apalpadelas porque luzes nem vê-las. De resto foi mais uma prova. Depois de me libertar daquela gente que deveria estar atrás, dei por mim a correr solto e em bom ritmo. Fui cumprimentado os companheiros que ia vendo pelo caminho e acabei fresquinho admirando a minha prestação, os treinos têm sido o mínimo possível, (estive quase todo o mês a hibernar, é que não gosto do frio, se gostasse do frio tinha nascido pinguim ).

Do lado esquerdo a terminar a prova. Foto:José Gaspar - AMMA.


Este ano, no que concerne a provas, para mim acabou, pró ano logo se vê.

Bom Ano 2011

21.12.10

Boas Festas

Para todos os Familiares e Companheiros de Estrada

Bom Ano 2011__________

7.12.10

Meia-Maratona com 33 km

A minha participação nesta prova era o meu tributo a todos aqueles heróis que fizeram os 42.195 km da Maratona.

Tinha delineado um plano, iria acompanhar o Joaquim Adelino a partir de uma determinada quilometragem.

Fui para o meu local de partida, perto do Cais do Sodré. Ia fazer a meia-maratona, mas logo que visse o Joaquim mudaria de rumo e iria com ele.

Vou com o Antonio A. S. Pereira em amena cavaqueira, mas sempre com o olho nos amigos que passavam. Passo os dois controles e eis que avisto o Joaquim. Despeço-me do António, dou meia-volta e lá vou com o Joaquim. Como é que este Homem aguenta tantos km e provas numa só semana é de enaltecer. Depois de estar no Domingo a subir a serra na Arrábida, na quarta na Meia da Marinha Grande, ali estava ele numa Maratona.


Passamos a grande Analice e aquela subida da Almirante Reis foi feita sempre em corrida. Ia olhando para o Joaquim pelo canto do olho e se alguma vez eu pensasse em abrandar o passo por cansaço meu, olhava para aquele Homem determinado já com tantos km nas pernas e até ganhava novo alento para subir, subir e assim ultrapassamos mais um obstáculo. Os pequenos "andares" que tivemos aos 30, 35 e 40 km, não foi mais que um aperitivo dado às pernas para o correr seguinte.

Finalmente o estádio. Ali, no cortar da Meta, separamo-nos, ele para os 42.195 km e eu para a minha meia maratona de 33 km em 2h41’33’’. Nunca tinha feito uma meia tão longa.


Depois foi aquele abraço entre o Pára e o “Comando”. «Que nunca por vencidos se conheçam» é o lema do Pára e nunca este lema foi tão merecido.

Parabéns Adelino e todos aqueles que completaram mais uma Maratona.

30.11.10

Porto - Outubro de 1996*

Durante os anos que levo de atletismo houve alturas (poucas) que fazia uma prova no Sábado e outra a seguir no Domingo. Quase sempre eram provas curtas, o que dava para recuperar bem de um dia para o outro, embora algumas com algum grau de dificuldade pois eram de subidas acentuadas.

Actualmente as provas têm sido mais espaçadas, embora com maior dificuldade e maior distância, lembrando-me dos 1º Trilhos de Sicó com 30 km e uma semana depois 40 km nos 1º trilhos de Almourol que, quem lá correu, sabe bem que foi uma prova bem difícil, devido ao facto de muito ter chovido e o terreno estar em más condições que requereu muito esforço físico para vencer cada palmo de terreno.

Porto, Outubro de 1996.

Já tinha ido correr ao Porto, principalmente nas Festas de S. João.

Desta vez fui lá para o 1º Campeonato Nacional de Veteranos na distância de 15 km. A prova foi realizada num Sábado à tarde, iniciava e terminava no Parque da Cidade.

Começou pelas 17 h (?). Para além de ser uma corrida citadina, passagem por várias artérias da cidade do Porto, tinha também umas subidas de respeito e aquela do Castelo do Queijo até à Avenida da Boavista era de tirar o fôlego ao mais experimentado (pensava eu) e eram duas as passagens por esse local.

Certo é que nesse ano de 1996 eu estava ainda com a moral em alta devido aos bons resultados conseguidos. Sendo uma prova só para veteranos era aí que iria avaliar as minhas capacidades com muitos veteranos vindos de todos os pontos do país.

Prova começada, e penso que, mesmo com as dificuldades que tenho nas subidas, acrescida pelo desgaste nesse dia da viagem Lisboa/Porto, fiz uma prova razoável, 15 Km em 56’ 05’’ (3’44’’/km).

Aguardei pela classificação. Já noite escura e eis que surge a mesma, 45º da Geral e 22º no meu escalão de Vet1. Ora bolas, afinal o candidato a craque não passava de um normal corredor como tantos outros.

Domingo, Meia- Maratona da Póvoa de Varzim. Às 9h da manhã, ainda mal refeito do esforço do dia anterior, ali estava à partida.

Prova começada, lá vou eu todo feito fibra e gás. O gás acabou ao 18º km e só a fibra é que me aguentou até ao fim. Tempo final, 1h23’54’’ (3’58’’/km), 170º da Geral e 16º no escalão Vet.1.

Uma semana depois estava a correr os 25 km da Critérium mesmo lesionado no pé esquerdo. Outros tempos.

foto: 23-06-1996 - Corrida Festas de S. João - Porto

16.11.10

36ª Meia Maratona da Nazaré*

Quando o Imperador Júlio César “inventou” o calendário, conhecido pelo calendário Juliano, a contagem do tempo começou no século I pois os romanos não conheciam o nº zero. Estamos no século XXI quando deveríamos estar no século XX.

Este intróito vem ao facto de mais uma vez fazer a pergunta: «Para que servem os chips?». Se à partida de uma prova não há tapetes para assinalar o momento zero, logo, o tempo, começa ao tiro que se ouve. Se para chegarmos à linha de partida demorarmos dois ou três minutos, esse tempo é contabilizado como tempo efectivo quando afinal ainda nem começamos a correr. Este pecadilho não acontece só na Nazaré, acontece em tudo o que é prova.

Mais um ano mais uma vez Nazaré. Já não tenho em conta as vezes que lá fui correr (isto é tanga pois eu tenho o registo de todas as provas)

Sábado à tarde partida para o Hotel, desta vez já não foi o do ano passado que se encontrava esgotado, mas para um outro belo Hotel (Hotel Miramar Sul), com uma paisagem magnífica, perto de um pinhal, só o sossego incomodava.

Uma visita nocturna pela vila, que relativamente ao ano passado estava muito parco de transeuntes. Depois do jantar regresso ao Hotel e ali aproveitei para ver o Sporting sofrer para ganhar à Académica.

De manhã o pequeno-almoço um pouco abundante pois a prova só teria início às 11h. Assim pão com queijo, um croissante com doce e um pastel de nata acompanhado com um “abatanado” foi o manjar matinal.

O encontro com os amigos da blogosfera, o Daniel e a Susana já com uma barriguinha de respeito (é rapaz – disse a Susana.) e, juntamente com o pai (o Pára), iniciei a prova. Demos a primeira volta à vila e depois a subida até Famalicão. Aos 12,5 km, no retorno, resolvi acelerar, deixando o Joaquim entregue a si próprio, (como se um Pára necessitasse de um "Comando" para fazer um bom tempo, o que acabou por o fazer também).
Com o amigo Joaquim Adelino na 1ª volta por Nazaré. Foto: Susana Adelino.

Como na classificação não há tempos intermédios (continuo a não perceber para que estavam lá os tapetes se não foram tomados os tempos de passagem) não sei a quanto fiz o km nesses últimos 8,5 km, mas penso que fiz entre 4’30’’ a 4’ 50’’. A intenção era chegar até ao José Melo, um bom amigo também da blogosfera, mas a distância entre nós deveria ser muita e tal não consegui. Fica para uma próxima, José conta comigo!

Acabei bem, até deu para puxar por mim no último km e fiquei satisfeito pela prestação. O ano passado “arrastei-me” a partir dos 18 km. Este ano acabei em beleza. O tempo oficial foi de 1:54:19 e como este é que conta aqui fica o registo.
A chegar. Foto: José Carlos Melo

Parabéns à organização, pena foi que aos 15 km já não houvesse água, mas bem sabemos como são alguns corredores. Só pensam neles, os de trás que se amanhem.
Com o José Carlos Melo e mais alguns elementos do Run4Fun.

Depois o almoço com o Joaquim Adelino, familiares e amigos...

Um reencontro com a família Almeida e Veloso (sempre em crescendo este rapaz) para colocar a conversa em dia e o contar de algumas peripécias do passado. O comprar dos “barquinhos” de chocolate que já vai sendo tradição e o regresso a casa com um tempo magnífico.

Um fim-de-semana em cheio.

4.11.10

De volta...

Meus amigos

Durante uns tempos estive arredado aqui do blogue e de comentar nos vossos pois andei em campanha "secret story". O que um pai faz pelos filhos.

Agora que os meus filhos e os pais são famosos nas revistas e "cassetes piratas" , apagadas as luzes da ribalta, há que voltar de novo à escrita e a um lazer que já me vai ocupando, esse sim, que a fama é efémera, há quase vinte anos... Correr.

O tempo passa mas lembro-me bem o dia que calcei de novo os ténis e ano após ano, percorri centenas, quiçá milhares de km, em treinos e provas.

Se houve desânimos esses eram momentâneos. Uma preguiça aqui e ali não faz mal nenhum. Até muitas vezes convém pois se a vida não é só net, também não é só corridas. Há um mundo à nossa frente e há que parar para repensar o que fazemos aqui, onde o ser-se verdadeiro e fiel aos seus princípios se paga caro.

Depois de uma paragem de cerca de duas semanas, voltei aos treinos. Ontem, hoje, amanhã e sempre, os meus ténis irão calcorrear as estradas, os trilhos, e estarei, de novo, junto dos amigos.

A "Maratona do Porto" já era. Horários de trabalho que não se compadecem com uma vida dita normal e um concurso viciado à partida, impediram-me de voltar a fazer os 42,195 km depois de 13 anos de ausência nessa distância.

Mas estarei de volta na mãe das Meias-Maratonas, Nazaré.

Para os que vão participar na "Maratona do Porto" os desejos de uma boa prova.

Obrigado pelo apoio dado ao meu filho Renato.

O meu filho e o meu neto


Para todos os amigos vai aquele Abraço. Estou de volta.

26.10.10

20 km de Almeirim*

De 1992 a 2003, os 20 km de Almeirim fizeram parte do meu calendário anual. Nunca deixei de lá ir, fizesse sol ou chuva era certo e sabido que no mês de Janeiro lá ia até à terra da “Sopa da Pedra”. Havia duas razões para que nunca tivesse falhado, tenho lá família e é uma terra que sempre nos soube receber bem.

O percurso não era o actual. Um ano (1996), devido a cheias no Ribatejo, a organização foi obrigada a alterar o percurso, deixamos de ir em direcção a Coruche e passamos a ir em direcção a Alpiarça. E, assim, neste novo percurso, a prova continuou. Um dia estalou a bronca, em 1997 apareceram os chamados “corredores fantasmas”. Estavam contabilizados como presenças mas não existiam. Os “fantasmas” já vinham do ano anterior mas não se tinha dado por isso. Esteve para ser suspensa, mas lá voltou no ano seguinte.
1998. Eu e o meu sobrinho Sérgio no rectângulo vermelho. Foto: Spiridon


2010, volto de novo a Almeirim. Como a prova, eu também mudei. Já não era aquele “jovem”, com 42 anos, que fazia 1h15’21’’ (meu melhor tempo) pelas ruas da terra do meu cunhado. Os anos passam, a vontade e a disponibilidade já não era a mesma e assim demorei 1h46’56’’ a fazer os 20 km, com muito custo, andando por vezes, e para quem pensava fazer a "Maratona do Porto", tem que reconhecer que os tempos mudaram e já nada volta a ser como dantes.

Revi os amigos da blogosfera, a amiga Otília bem me incentivou quando por mim passou, Luís Mota, Susan, Brito, Parro e esposa, Carlos Coelho, a equipa Tandur (António, Vítor e Filipe), o José Carlos Melo.
No retorno. Foto: Luís Parro

A um km do fim, depois de muito penar, olho para trás e vejo a minha “sombra” o Pára que não pára. Dei tudo o que tinha, fica para a próxima Joaquim.
A terminar. Foto: João Inocêncio

Prova terminada com o Joaquim Adelino
Depois o convívio com a minha mana, cunhado e sobrinhas, o comer da “Sopa da Pedra”, junto aos amigos no espaço reservado para o efeito, com um pezinho de dança de permeio. Um voltar até aos meus familiares e já o cuco dormia quando regressei a Lisboa. Foi bom ter regressado a Almeirim, à minha prova, prova que, por causa da ganância de alguns, se ia perdendo nas brumas do tempo.

20.10.10

Os Gémeos

Quando a minha mulher se apercebeu que estava de novo grávida, foi com apreensão que encaramos o futuro pois já tínhamos duas meninas, a vida estava difícil, pois tínhamos vindo de Angola sem nada, e ainda estávamos a tentar endireitar a vida. Mentiria se não nos tivesse passado pela ideia processos para interromper a gravidez, pois a ecografia mostrou que em vez de uma eram duas as crianças que estavam a ser geradas.

Tínhamos comprado uma casa só a contar com as duas filhotas e eis que surgiam mais dois.

Passámos uns tempos a pensar no que fazer, mas há valores que não se esquecem e a nossa formação cristã levou-nos a aceitar a Vida pela Vida e a questão da interrupção ficou de parte e após os nove meses nasceram os nossos gémeos.

Quando os fui ver à Maternidade, como um era mais “carequinha” que o outro escolhi para ele o nome que sempre gostei de tê-lo como meu, o outro foi escolhido pela mãe.

Os anos foram passando, aqueles rapazinhos foram crescendo e foram-me acompanhando em muitas provas pelo "Grupo Recreativo e Cultural de Famões”.


Depois desistiram de correr, iam jogando à bola, tendo feito provas no SLBenfica para lá jogarem, não foram aceites e passaram a jogar por alguns clubes de Odivelas e Loures.

Eram altos mas magros. Sempre lado a lado, foram cúmplices nos bons e maus momentos.

Um dia destes soube quase na última que tinham concorrido a um programa na TV. Embora não seja muito do meu agrado certos programas, apoiei-os pois estando desempregados, poderiam através desse programa "desencalhar-me a loja" já que me dão um grande desbaste no orçamento e na despensa.

Um esteve lá pouco tempo (infelizmente pois seria um bom jogador), o outro ainda lá está. Para quem não vê o programa o que estou a escrever nada diz, para quem o segue já sabem de quem falo, dos gémeos Mário e Renato, os gémeos do “Secret Story”, ou seja da “Casa dos Segredos”.

Eles aqui estão.

6.10.10

Iº Trail Terras do Grande Lago - Última Parte*

Conclusão

Após o pequeno-almoço, fomos para a Aldeia do Alqueva, local onde teria início a nossa prova com fanfarra bem afinada a dar-nos as boas-vindas. Foi a vez de um “briefing” onde a Margarida nos chamou a atenção para as dificuldades de terreno na segunda parte da corrida (depois da Amieira), pois seria muito de sobe e desce.

Aqui com o Joaquim Adelino e Luís Mota (passar o rato sobre a imagem e… olhem que dois!!!
Os primeiros momentos de corrida foram de boa disposição na companhia do António, Ana Paula, Carlos Coelho e “Puda”.
Depois há que acelerar até ao Pára que se encontrava já distante, não lhe posso dar grande distância que ele logo “abusa”.
Parei muitas vezes para tirar fotografias. Penso que é isto o que de melhor estas provas têm. O convívio e o contacto com a natureza.
O Grande Lago - Alqueva
Durante muitos km fui com a Dina Mota e mais dois companheiros que não sei o nome. Após Amieira, começou a verdadeira prova. Até ali tinha sido “estradões” e algumas subidas e descidas, mas de pouca inclinação.
Aprendi mais um pouco com a Dina. Havia alturas em que não se viam fitas, e ela na sua experiência dizia: «Se não há fitas é sempre em frente». Acertou sempre. Valeu-me isso, mais tarde, quando fiquei sozinho durante kms.
Aqui ainda íamos os quatro juntos
Começou a parte mais dura do percurso. Durante as subidas andávamos e aproveitávamos as descidas para correr. Eu fui esgotando as energias. Já não tirava fotos. Guardei a máquina para evitar a tentação e tudo fazia para não perder o trio de vista. Mas há uma subida em que já não os pude acompanhar de tão difícil ela era. Comecei a vê-los cada vez mais ao longe e fiquei só. Iam passando por mim os mais atrasados e eu tento segui-los mas o corpo já não obedecia. Onde corria comecei a andar. Estava exausto e, como em Almourol, pensei muitas vezes parar e desistir. Mas fazia das fraquezas forças e lá fui andando.

Havia partes do percurso que não via as fitas. Lembrava-me da Dina e seguia em frente. Se tinha alguma dúvida sobre o caminho correcto as garrafas de água vazias deixadas no terreno diziam-me que estava no bom caminho (sempre que bebia, a garrafa vazia entregava no abastecimento seguinte, é pena que não façamos todos o mesmo).

Deveriam faltar uns seis a sete km para acabar quando encontro mais um abastecimento (tenho que levar para estas provas o CamelBack, eu transpiro muito e fico muito sequioso e assim vou tendo sempre que beber). Diziam eles que era o último, mas não era o último.

Vou deixando-me ir com a maré. Mais uma vez ia pôr à prova a minha força de vontade. Fui andando, correndo de vez em quando, arrastando-me mas sempre indo. No alto do trilho vejo ao longe Portel. Já não faltava muito.
Eis que vejo o último abastecimento. Disseram-me que faltariam uns 3 km para acabar. Como um cubo de marmelada, bebo água e começo a subir. Olho para baixo e quem vejo? O Pára. O homem que a meio da semana fez umas pequenas cirurgias, que nem tinha treinado devido a isso, ali estava a menos de 200 m. De que força de natureza o Joaquim é feito? É de muito querer, muita dedicação e espírito de sacrifício. Podia seguir e nada dizer. Mas a minha admiração foi grande e incentivei-o com um: «Força Joaquim». Mas a força dele seria a minha “derrota”, caso ele me ultrapassasse. Aí dei tudo o que tinha.

Encontro mais um companheiro que já vai nas últimas, mas pouco faltava para terminar. Chego a um ponto que já não sei para onde ir e um polícia lá me indicou o caminho certo.

Corto a meta, pouco depois acaba o Joaquim e ali ficou selado entre nós, com um grande abraço, a amizade que une o “Pára e o Comando”.
P.S. – Os meus agradecimentos aos familiares que fizeram questão de ir até Portel apoiarem-me, à equipa Tandur (família Almeida e Veloso), à família Mota e a todos os companheiros desta aventura pelo convívio e amizade.

Os meus agradecimentos ao amigo Vladimir Quintana pelas fotos tiradas e pela presença.

Os meus agradecimentos a toda a organização pelo apoio e pela prova. Há que rever as fitas (não colocar tão espaçadas), mas o que posso dizer é que pela primeira vez não me perdi, e isto é garante que tudo é bom quando acaba bem.

4.10.10

Iº Trail Terras do Grande Lago - I Parte*

Quando alguém me disser que o Alentejo é plano, digo-lhe para fazer o "Trail das Terras do Grande Lago" e ele muda logo de opinião. Há provas que muitas vezes não sabemos como começar a escrevê-las, se o reencontro de amigos, se colocámos fotografias e elas valem bem mil palavras, se esmiuçámos a prova dando umas pinceladas sobre a sua dureza, o desânimo, o ranger de dentes e seguir em frente quando o corpo já não tem mais para dar. Não terá? Desde que me lancei nesta aventura de Trails e Raids descobri que, afinal, a resistência humana quase que não tem limites. O melhor é contar um pouco de tudo.

Chegado no Sábado a Portel, onde já se tinha marcado a pernoita, há que levantar o dorsal e cumprimentar os amigos especialmente o “Pára que não pára” que mesmo depois de ter retirado o que no corpo não fazia falta, ali estava cumprindo o prometido, de ir correr ao Alqueva. Reparei que o Eduardo Santos (um dos responsáveis da prova) se encontrava numa mesa reunido com o “staff” da organização. A distância da prova, devido a época de caça ter sofrido alteração na sua abertura, tinha sido alterada de 34 km para 36,250 km por causa das passagens, inicialmente previstas, estarem encerradas por serem zonas de caça.
Foto tirada durante a prova a este grupo de caçadores
Há que conhecer Portel. Vila pacata, tem como “ex-libris”, o Castelo e a Igreja Matriz. No Largo da Câmara, a estátua equestre de D. Nuno Álvares Pereira, da autoria de Francisco e António Charneca, domina o local.
Quem iria encontrar nestas andanças? O grande amigo Luís Mota, que com a Susan e a filha Mariana, também se iam inteirando do que Portel tinha para nos oferecer e como o Luís transpira atletismo por todos os poros, logo ali se falou da prova e das nuances que a mesma poderia oferecer. Como sempre o Luís, um fantástico atleta, tinha como objectivo alcançar os 1ºs lugares, o que veio a acontecer, ganhou a prova e ganhando a prova ganhou o escalão. Parabéns Luís, és um Campeão.

Luis Mota a acabar a prova. Foto Isabel Almeida
A noite vai caindo e recebo uma mensagem do Vítor Veloso que, para além de outras coisas, me informa que estava prevista chuva para o dia seguinte.

Depois do jantar há que recolher aos aposentos e infelizmente há sempre algo ou alguém que não respeita o sono e, às tantas da noite, era um vozeirão, gargalhadas e gritos de homens e mulheres que pela calada não têm mais nada que fazer do que vir, numa vila tão pacata, incomodar quem precisa de descansar para que Portel seja mais conhecida nem que seja através de uma corrida.

Demorou algum tempo a calarem-se as vozes e os gritinhos histéricos e pude então, finalmente dormir. Continua

28.9.10

Partir e Chegar

Meia-Maratona de Portugal


                                                      Parti

                                                      Cheguei

                                                      Muitos amigos

                                                      Encontrei.



Foto: José Carlos Melo


Está tudo dito!



Até Alqueva

21.9.10

15 km de Benavente*

Como o tinha prometido em 2009, voltei de novo a Benavente para fazer os seus 15 km. Levava a t-shirt que tinha recebido em 1992, a minha primeira t-shirt desta prova o que demonstra que passados tantos anos ainda lá volte ano após ano, excepto em alturas que estive lesionado, com agrado.
Chegado, dou logo com rostos conhecidos, o Brito e a Otília que, juntamente com a “sua” CLAC, iriam participar nesta prova (digo que iriam participar pois há quem vá até às provas e não participe, vão dar a conhecer somente as suas provas, o que não foi o caso).

Desta vez não haviam as tais "banquinhas" com gente em trajes regionais a venderem produtos ecológicos, livros e discos de vinil como aconteceu no ano passado, mas esteve presente, como madrinha da prova, Manuela Machado, grande valor do atletismo nacional, que participou na caminhada.

Foi nesta prova que voltei ao convívio do meu CCD de Loures, donde estive dois anos ausente devido a lesão. Mais uma vez ali estavam os meus companheiros de corrida de há tantos anos, assim como o Joaquim Adelino, o “Pára que não pára”. Vamos envelhecendo juntos.

Muito calor, uma prova em que aproveitei bem os chuveiros pelo caminho para me refrescar, água sempre presente para saciar a sede que se faz sentir e um voltar a olhar a planície ribatejana. Como já faço esta prova há tantos anos, já sirvo de cicerone para quem lá vai pela primeira vez e há sempre um conselho a dar, ou uma forcinha para não parar ou desistir. Ainda vi o amigo Vítor Moreira passar por mim por volta dos 10 km, tentei acompanhá-lo mas, antes que desse o estouro, deixei-me ficar, a experiência, nestes casos, ajuda muito.

Embora tivesse acabado um pouco cansado, fiz melhor que o ano passado, 1h16’55’’ (1h19’59’’).

Mais uma peça, desta vez em vidro, faz parte da minha já extensa colecção desta prova.

Um banho retemperador, e há que ir até às tasquinhas para de novo comer uma caldeirada que, acompanhada com uma sangria, faz as delícias gastronómicas de uma terra que bem nos recebe.

Pró ano, lá estarei de novo se nada houver que me impeça de voltar.

Para o clube organizador (CUAB), aquele abraço.

12.9.10

S. João das Lampas - Os Louros da Vitória*

Chego a casa cansado. Tinha corrido a meia-maratona de S. João das Lampas e estava “estourado”. Despejo tudo o que tinha na mochila. Algo cai ao chão e ali fica, seria mais um papel a anunciar mais uma corrida numa localidade qualquer. Teria tempo para o ver.

Dormi mal tal era o cansaço. Sonhava como descrever esta prova. Na 4ª feira tinha feito cerca de 17 km no Parque da Paz com o Vítor e o Filipe. Na Sexta quase uma hora no areal da Caparica (a maré estava cheia, teve que ser na areia solta).

Vieram-me as “imagens” da prova. O convívio inicial com todos os companheiros de corridas, a presença inesperada da Susana (foi bom rever-te rapariga), futura mamã, já com 5 meses de gestação, o Joaquim, a família Veloso, Almeida, o novo Tandur Filipe Fidalgo, o grande amigo Augusto Cruz, um grande campeão, o Jorge Branco e o tio Egas, o Carlos Coelho, o Carlos Lopes, o Luís (Tigre) que corri com ele durante uns km na Geira Romana e tantos outros.
Um cumprimento especial ao Fernando Andrade, director da prova, onde lhe mostro a t-shirt recebida na única vez que tinha corrido esta prova, a 18ª, no longínquo dia 17 de Setembro de 1994 com o tempo de 1h28’. Achei a prova tão “dura” para início de época que nunca mais a fiz.

Mas tinha prometido este ano lá voltar para desta forma homenagear o Fernando e a equipa que, durante tantos anos, mantêm esta prova que já vai na 34ª edição.
Eu com o Joaquim no início. Imagem retirada do vídeo do blogue Último Km
De novo o subir e o descer todas aquelas rampas. O desespero, o cansaço e se não fosse o incentivo recebido da Isabel, Ruth e Susana (eram mulheres a mais para dar uma de fraco) tinha desistido ao 13º km. Estavam já chegar os primeiros e a mim ainda me faltavam 8 km.
Aos 10 km, 53’, aos 13 km, 1h 15’, depois foi o "correr" para trás. Passam por mim os amigos da "Lebres do Sado", ainda os acompanho por uns tempos. Depois aparece a Henriqueta Solipa mais o Carlos, vou com eles mas já não dou mais, começo de novo a andar o que fiz para aí umas vinte vezes.

Diz uma simpática senhora: «Este é que faz bem, vai com calma pois ganha o mesmo». Agradeci-lhe dizendo que era a voz da sabedoria que assim falava, mas eu é que já não podia mais. Mas que assomo de energia se apodera de nós? Quando pensamos que já não podemos mais, vamos em frente.

Olho para trás e quem vejo? O amigo Pára. Eu a tentar ter uma distância entre mim e ele e ali estava mais uma vez o Joaquim como sucedera em Almourol. Tento de novo ganhar distância mas a ultrapassagem era irreversível. Disse-lhe: «Vai Joaquim que na descida já te apanho». Mas eram só subidas e lá se foi o Joaquim.

Terminei a prova em 2h08’04’’ (tempo oficial), estourado, suado e com pensamentos negativos relativamente à prova tal como sucedera em 1994.
Um banho refrescante e o convívio final.
... Viro-me mais uma vez na cama procurando dormir. Na cabeça vai-se alinhavando os escritos para este tema. As palavras não eram estas que aqui escrevo. Eram outras bem diferentes.

Levanto-me. Vou até à mochila pois lembrei-me que ainda guardava mais umas coisas na bolsa. Olho para o papel que estava no chão. Continham duas folhas de louro, os louros da Vitória.