28.9.19

Correr*

Correr

Correr não é escapar
nem perseguir.
não é, portanto, uma evasão,
uma perseguição
através de alguém, seja quem for
através de uma ilusão,
sem razão
nem amor,
através de nada
correr é, simplesmente
desafiar a madrugada.
Correr é estar liberto
do ódio e da amargura
e, mesmo só, não estar desesperado...
Sentir-se acompanhado
de paz e aventura.
Correr é nada querer
senão isto: CORRER!...
Passar, viver,
sem distinguir o vento
do próprio pensamento.
Respirar, sentir o ar
bater na nossa face, Correr
é apenas isto:SER!
Mas só se corre bem
se, enquanto, se correr,
se for vivendo e amando tudo:
A VIDA
que é a própria corrida
e é o sonho também.
Correr não é fugir de nós
nem de ninguém
com raiva, blasfemando.
Correr, enfim
é fugir sim
mas é fugir, ficando.

ROBERTO DURÃO

foto: João Martins, Meia Maratona na Areia Analice Silva 2019 - Costa da Caparica

25.9.19

A regra do meio-dia*

Tanto custa a recuperação a quem corre numa prova a 3'/km como àquele que corre a 6'/km. E a razão é simples, o esforço despendido por quem corre mais rápido está na razão proporcional ao treino que executa.

Quando fazia treinos a 4'/km, 4:20/km, significava que estava fisicamente preparado para correr em prova, abaixo desse tempo de treino. Quem corre a 6'/km o esforço para o fazer está também proporcional ao tempo que faz em treino, que será entre os 6:30 a 7.:00/km.

Na corrida não há milagres. Não é correr num domingo uma meia-maratona ou maratona e no domingo seguinte voltar a fazer o mesmo com a mesma frescura do domingo anterior.

Por isso há que respeitar esta regra do meio-dia/km que coloco em anexo.

Depois de uma prova era 'sagrado', ao 2º dia, descanso total. Se corresse a um domingo, à terça ia ver os passarinhos.

Raramente o esforço executado numa prova, tem reflexos no dia seguinte mas, no 2º dia, ali está aquele andar 'esquisito' onde uma perna pede licença à outra para se mexer.

Isto são apontamentos meus, retirado penso eu da Revista Spiridon do amigo Mario Machadoo, ali pelos anos 80/90

24.9.19

Tesourinhos...*

Ao olhar para os tempos que fazia nas provas de atletismo, tenho que me orgulhar disso.

Trabalhando por turnos, saía muitas vezes de manhã e ia treinar. O corpo a pedir descanso, e fizesse frio, vento ou chovesse ali estava eu.

Treinos loucos de 4' a 4'20''/km. Fartlek, treino intervalado, in-out, método de treino Dr. Van Aaken, e tantos outras variantes de forma a aumentar a endurance, o ritmo...

E tudo era apontado, os pequenos almoços corrigidos (tinha por vezes a tal 'dor de burro') e assim foi durante anos.

Quando ia para as provas fazia-as quase sempre abaixo dos 4'/km, exceto em algumas que pela sua dificuldade (muitas subidas, o meu ponto fraco), ou distância, ia um pouco além dos 4'. E isto ano após ano. Muitas lesões (o que não me impedia por vezes, de fazer algumas provas em ritmo de treino) mas, acima de tudo era muito querer e paixão por esta modalidade.

Em 1993 fiz 34 provas e só em 5 fiz mais de 4'/km. Em 1995 de novo 34 provas e, mais uma vez, só 5 provas para além dos 4'.

Tempos que hoje dariam para ficar algumas vezes no pódio, na altura ficava muito longe disso. Corria-se bem na época.

Outros tempos...


16.9.19

Pulsações*

Para quem começa ou para quem já tenha começado e não saiba.

Mesmo um treino tem que ter regras. Não é correr até ficar sem fôlego e com o coração quase a sair-lhe pela boca.

O importante num treino é podermos falar sem dificuldade. Como os meus treinos são sempre solitários, cantarolava um tema mas, essencialmente, 'tocava' mentalmente uma música que ouvíamos nos Comandos, sempre que fazíamos instrução física. Era o Let Kiss (1965) tocada pela orquestra Gudrun Jenkins.

Ouçam-na e vejam lá se não dá vontade de ir treinar.


(este vídeo é uma homenagem aos meus camaradas de armas que estiveram comigo no 27º Curso dos Comandos)

Aqui fica outra: