29.1.10

Verdes São os Campos!...



Márcia Moscado

Através da janela, à minha frente, o campo estende-se num verde viçoso. No horizonte grossas nuvens iam-se formando, a chuva vinha aí.

A melancolia apossa-se de mim. Olho pela janela e, fechando os olhos, regresso a uma casa, a minha casa, a casa onde nasci!

Não é possível recordares a casa onde nasceste, dizia a minha Mãe, eras pequenino quando de lá saímos, terias dois anos... E nunca mais lá voltámos!

- Mãe, a casa era assim! – explicava eu. Um corredor, ao lado os quartos, a cozinha ao fundo, onde também costuravas e uma janela, uma janela que dava para o campo.

Com a mão no queixo e o cotovelo apoiado no parapeito da janela, ficava horas a olhar para o verde daquele campo.

Por certo naquela idade ainda não tinha idade para sonhar! Olhava talvez pelo verde que se estendia até tocar o azul do céu. Ou pelas nuvens grossas que se iam formando tal e qual como hoje... e a chuva caía, caía ora de mansinho ora em grandes bátegas. O céu era atravessado pelos raios, como se uma criança pegasse num lápis e desatasse ali a riscar sem nexo. Talvez estivesse eu a pegar nesse mesmo lápis e o riscasse. Em pinceladas colocava aquelas nuvens mais escuras, clareadas aqui e ali com relâmpagos,...

... E o verde do campo torna-se mais verde. Gotículas ficam agarradas às suas pequenas astes apontadas para o firmamento.

Talvez sonhasse com um futuro lindo para todos os meninos como eu. O meu cabelo era amarelo como as espigas de milho. Eu era a natureza, a natureza era eu!

Hoje sou uma réstia daquilo que era, mas olho através da janela e continuo a ser o que sempre fui... Um Sonhador!



P.S. - Tema do blogue "O Sonhador"

2 comentários:

João António Melo disse...

É incrível como conseguimos recordar certas passagens da nossa vida ou de locais onde estivémos, eu lembro-me de situações de quando teria 4 ou 5 anos, de esconderijos onde me enfiava, que devido à dimensão só com essa idade lá caberia. Quando se é menino sonha-se com muita facilidade, sonha-se a dormir e sonha-se acordado, com uma vida futura cheia de fantasias do que se seria e que se queria ser. Hoje sonhas igualmente...com os momentos inesquecíveis do passado e continuas a sonhar o futuro! Bela meditação!

Vitor disse...

Olá Mário,
Ao ler o seu post também parei um pouco e relembrei muitas coisas que fazia quando era mais novo, que bom recordar. Sempre compensatório sonhar!
Grande abraço

Vitor Veloso