22.4.10

E Hoje?... Que Abril?!...

(Todos os aparelhos têm música, para ouvir é só clicar no play, excepto "A Trova do Vento que Passa" pois já está a tocar)


O Exílio!...

 Isolamento político... Trova do Vento que Passa

A Alvorada!...

 Primeira senha... E Depois do Adeus.

 Segunda senha... Grândola Vila Morena

A Ascensão!...

 Marcha associada ao MFA... A life on the ocean waves.

 Movimento popular... Organização Popular.

 Movimentos populares de base... Viva o Poder Popular

O declínio!...

 Fuga de ex-PIDE/DGS... Fado de Alcoentre

 Fim do período revolucionário... Eu Vim de Longe

25 de Abril de 1974

  Trinta e seis anos vão passar sobre a revolução de Abril.
Era o tempo das calças à “boca-de-sino”, dos socos, botas de saltos muito altos e grossos. Dos cigarros “Provisórios” e “Definitivos”, dos penicos em metal, louça ou plástico, dos gira-discos onde rodavam os “LP’s” e os “singles” de vinil. Do “Mundo de Aventuras”, do “Condor”, “Cavaleiro Andante” e de tantos outros livros de banda desenhada que acompanharam a nossa meninice. Dos sinaleiros e dos tostões já em decadência.

  Hoje já nada é como era. Assim, como o tempo fez desaparecer tudo isto também fará por fazer desaparecer a essência da revolução do 25 de Abril. Será mais um feriado como tantos outros que fazem parte da nossa história.

  Desaparecidas as gerações de 40, 50 e da 1ª metade dos anos 60 nada restará. Os nossos filhos, os nossos netos, terão conhecimento desta revolução através dos livros de escola. As “chaimites” de Jaime Neves e do grande capitão de Abril que foi Salgueiro Maia, irão fazer parte daquelas histórias que estudámos desde D. Afonso Henriques. Restará, depois, pouco na memória de cada um consoante a cultura que lhes ficar depois de se esquecerem de tudo o que aprenderam. Mas, enquanto existir um daqueles das gerações que referi, a revolução será sempre contada ao vivo e a cores. Mário Lima irá, enquanto a memória o permitir, recordar aquele dia em que de braço dado com Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Padre Fanhais, José Mário Branco, Fausto, cantou, fardado,... Grândola, Vila Morena!

Aos políticos deste país. Estão a tentar adormecer a Revolução dos cravos mas, cuidado, deixam-na adormecer devagarinho, não façam barulho, pois pode um dia, de novo, o povo acordar e, Abril volte... a ser Abril!

Abril de Abril

Era um Abril de amigo Abril de trigo
Abril de trevo e trégua e vinho e húmus
Abril de novos ritmos novos rumos.

Era um Abril comigo Abril contigo
ainda só ardor e sem ardil
Abril sem adjectivo Abril de Abril.

Era um Abril na praça Abril de massas
era um Abril na rua Abril a rodos
Abril de sol que nasce para todos.

Abril de vinho e sonho em nossas taças
era um Abril de clava Abril em acto
em mil novecentos e setenta e quatro.

Era um Abril viril Abril tão bravo
Abril de boca a abrir-se Abril palavra
esse Abril em que Abril se libertava.

Era um Abril de clava Abril de cravo
Abril de mão na mão e sem fantasmas
esse Abril em que Abril floriu nas armas.



Manuel Alegre
30 Anos de Poesia

Cantores de Intervenção - Clicar aqui

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns Mário!

Brilhante!

Porque será que ao ler esta Crónica, senti várias vezes "aquele arrepiozinho" ?

Porque será que ao ouvir as Músicas, as "senhas" e "contra-senhas", os Poemas e as Palavras, o "arrepio" continuou?

Obrigado por me "lembrares" o que nunca esquecerei!

A Revolução de Abril!

João António Melo disse...

Quando se deu o 25 de Abril tinha apenas 13 anos, sou da geração de 60, mas ainda guardo muitas "dessas recordações" que enumeras, dos cigarros dos "provisórios a definitivos" até ao discos de vinil.Esperemos que a verdadeira essência do 25 de Abril nunca morra. No domingo vou participar pela primeira vez na "festa" da corrida da liberdade, muitas vezes vi pela televisão desta vez vai ser ao vivo. Um abraço e viva o nosso 25 de Abril!