6.2.22

31° Corrida do Fim da Europa

Estava a necessitar de uma prova assim.

Uma prova que me correu excelentemente, na companhia de uma atleta que começou há pouco. Sem grande esforço, nas calmas, que até elevei o meu VO2 que andava nas ruas da amargura, subi, corri e desfrutei.

«E, a passo, o breque foi penetrando sob as árvores do Ramalhão. Com a paz das grandes sombras, envolvia-os pouco a pouco uma lenta e embaladora sussurração de ramagens e como o difuso e vago murmúrio de águas correntes. Os muros estavam cobertos de heras e de musgos: através da folhagem...»
Eça de Queiroz in «Os Maias»

E o musgo ali estava nos muros onde a sombra se projetava enquanto nos locais solarengos, a pedra se apresentava limpa como se o tempo não passasse por ela.

A meu lado, durante toda a prova, via um sorriso de quem ainda de poucas andanças, vai vencendo os desafios. Com calma se vai ao longe. E, ao longe, o Cabo da Roca com a sua cúpula vermelha, era como um chamariz para apressarmos, para chegar mais rápido onde Camões tão bem definiu no seu Canto III:

"Eis aqui, quase cume da cabeça
De Europa toda, o Reino Lusitano,
Onde a terra se acaba e o mar começa,
E onde Febo repousa no Oceano."

Sem cansaço algum, inebriado com os cheiros das árvores do Ramalhão e da maresia, a prova foi vencida.

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