Nos passos marcados pela vida, a valsa deslizava pelos anos, um baile solitário que ele dançava com a perseverança como parceira. Trinta e três anos se passaram, e cada movimento da corrida era um compasso do tempo, uma coreografia íntima entre o homem e o seu caminho.
Ele corria não só com as pernas, mas com a alma, lançando-se em busca de horizontes invisíveis. A estrada, sua eterna pista de dança, conhecia-lhe os segredos, confidências de suor e cansaço deixadas ao vento. Cada amanhecer era um novo acorde, cada anoitecer, a promessa de um novo ritmo.
Por vezes, a melodia era suave, passos leves que mal tocavam o chão. Noutras, o ritmo acelerava, urgência e fervor pulsando no peito. Mas a cada queda, a cada tropeço, ele erguia-se com a teimosia dos sonhadores, pois sabia que a valsa da vida é assim: um vaivém constante entre a esperança e a superação.
Até que um dia, inevitavelmente, as pernas, fiéis companheiras de tantos bailes, irão ceder ao peso dos anos. O último compasso soará mais lento, um final triste, mas belo, um adeus à pista de dança que tanto amou. E ali, no silêncio que segue o último acorde, ele compreenderá que a verdadeira valsa nunca cessa, pois continuará a ressoar na memória dos seus passos, na história que deixou gravada no tempo.
Assim será a sua corrida, uma valsa pela vida que, mesmo no fim, ecoará no coração dos que compreendem a beleza do movimento, da perseverança e do viver plenamente, até o último suspiro.
foto: Nuno Luís
25.10.24
13.10.24
Corrida do Sporting
A partir do sétimo km, foi como correr para trás. O cansaço acumulado da véspera, depois de mais de 200 km percorridos e da festa/convívio até às tantas, tinha começado a fazer mossa. Não queria andar pois sabia que, começando, iria fazer isso mais vezes. Mas teve que ser. O corpo não é de ferro.
A passagem no Pavilhão João Rocha, com corredores estreitos perante dezenas de atletas, não fazia sentido. Mas era assim e 'pronto'. À entrada do estádio, já só andava, mas o objetivo era acabar.
De repente, ouço uma voz: "Mário, vamos acabar a prova a correr." Era o amigo Luis Lourenco. E eu, que já não podia com uma gata pelo rabo, perante o incentivo, dei por mim a sprintar com ele e com a Teresa. E foi de mão dada que passamos a meta.
Obrigado, companheiros!
A passagem no Pavilhão João Rocha, com corredores estreitos perante dezenas de atletas, não fazia sentido. Mas era assim e 'pronto'. À entrada do estádio, já só andava, mas o objetivo era acabar.
De repente, ouço uma voz: "Mário, vamos acabar a prova a correr." Era o amigo Luis Lourenco. E eu, que já não podia com uma gata pelo rabo, perante o incentivo, dei por mim a sprintar com ele e com a Teresa. E foi de mão dada que passamos a meta.
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