Sabemos bem que as pequenas coletividades têm grandes dificuldades de tesouraria e vivem quase sempre da exploração de um pequeno bar e/ou de algum pequeno empresário que a troco de uma publicidade numa camisola, consegue dar a conhecer a sua empresa quase sempre dedicada à construção civil ou a ela relacionada.
Assim acontecia no G.R.D. de Famões, coletividade por qual corri em 1992 e 1993.
Tínhamos um grupo jeitoso de miúdos(as) que faziam alguns brilharetes nas provas de bairro. Hoje já são homens e mulheres, muitos já com filhos, torna-se difícil reconhecer neles os miúdos de outrora, mas foram dois anos de algumas conquistas mesmo a nível de direção que estava mais vocacionada a apoiarem o futebol pois, como se sabe, o atletismo foi sempre o parente pobre do desporto.
O Famões para transporte para os diversos locais onde se iam desenrolar as provas tinha uma velha carrinha. Para virar a direção quase que era necessário comer um boi, mas nessa altura não havia inspeção e lá íamos todos os domingos na carrinha a deitar fumo negro pelo escape que qualquer carro que fosse atrás acendia os faróis pensando que tinha havido algum eclipse do sol.
Um dia calhou-me levar a carrinha para uma prova em Casais da Marinela, ali para os lados de Alenquer. Escusado será dizer que quando lá consegui chegar já ia estourado pois para além do problema da direção também vi-me “grego” para conseguir que a malvada chegasse ao Centro de Convívio onde teriam início as provas para os diversos escalões já que era sempre a subir até ao Centro.
Provas acabadas há que regressar a Famões. Mas aquela carrinha nunca mais lá chegaria. Na A8 (que estava em construção) negou-se a andar mais. Com um “cof-cof” final encostei-a à berma e aquilo era só garotada a sair de lá de dentro. A questão seguinte era como levá-los até à Sede, pois não os íamos fazer correr de perto de Loures até Famões. Lá abrimos os cordões à bolsa, foram chamados alguns táxis e assim se fez o resto da viagem.
A carrinha lá ficou e dali foi para o ferro-velho. Ainda devem haver coletivadades como a de Famões (já não tem atletismo), que fazem das tripas coração para que os jovens pratiquem desporto em vez de outros “desportos“ que corrompem o seu futuro. Infelizmente as Câmaras vão dando a machadada final e, assim, qualquer dia, não haverá atletismo nos bairros do nosso País, só os grandes eventos irão sobreviver graças ao bolso de cada um de nós.
3 comentários:
Tempos difíceis Mário, e eram os nossos filhos que faziam que nós tivéssemos que andar com a tralha atrás, mas fomos recompensados, pelos resultados em favor dos jóvens e pelos caminhos que conseguimos abrir para que mesmo assim chegássemos aos dias de hoje e ainda vermos muitos de então que ainda vão resistindo, ao contrário de outros (Autrquias) que deixaram morrer, pelo abandono, quem tudo deu para os nossos jóvens tivessem a atenção que mereciam e merecem.
Vai desabafando amigo, faz bem deitar essas coisas cá para fora, pelo menos ainda nos resta esse direito, sem medos.
Abraço.
Mário,
Agradável em ler suas recordasses de uma radiosa vida desportiva.
Os meus Parabens
Grande abraço
Vitor Veloso
Ainda me lembro de quando em miúda éramos conduzidos às provas numa camioneta grande de caixa aberta. E éramos bastantes lá dentro. E lá íamos todos contentes, eheh!
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