30.9.20

O Maratonista*

Em 28 de agosto feito o teste, foi-me diagnostificado o malfadado vírus.

Quarentena associada e nos primeiros dias em nada a doença se manifestou. Até que um dia, sentado no sofá, começo a sentir que algo não estava bem. Desmaio, bato com o nariz algures e quando recobro o conhecimento estou com sangue pelo quarto. Vómitos e chamado os bombeiros, pouco fazem.
Dois/três dias depois volto a piorar. A única solução era urgência no hospital. Fui hospitalizado no dia 8 de setembro.

Fiquei em coma induzido devido a uma grande infeção. Depois, cuidados intensivos. Foi a pior fase. Tinha um enorme débito de oxigénio e colocavam uma máscara que secava a garganta e cada engolir era uma tortura, mas foi graças a ela que aos poucos foi diminuindo a necessidade de oxigénio. De 15 litros fui progressivamente até aos 5. Isto durante dias numa cama onde dali não saía.

Novo teste e de novo positivo. Ainda não era desta. A luta, com o auxílio de profissionais que tudo faziam para minorar o sofrimento, era essencial. Conforme vou melhorando vou mudando de ''box'' e de máscara. Perguntas sobre o que fazia, se praticava desporto e quando disse que praticava atletismo e à pergunta normal que tipo de provas tinha feito, quando referi, maratonas, trilhos... Fiquei conhecido pelo maratonista.

Volto a fazer novo teste... Negativo. Repito e dois dias depois confirma-se.

Actualmente, 22 dias depois, estou na área dos 'não Covid'. Livrei-me do bicho. Agora há só uma pequena restrição que me impede de voltar a casa, uma pontada febril. O meu Obrigado a todos os profissionais que me salvaram a vida.

... E, a meio da noite, sorrateiramente, a auxiliar coloca mais um pacotinho de bolachas, junto ao que tinha pedido.

29.5.20

Tesourinhos...*

15 km - Corrida das Fogueiras

Participei vários anos nesta prova. Prova disputada à noite teve, creio que em 1992 ou 1993, um disparate quando era primeiro-ministro Cavaco Silva. Em vez de uma alterou para duas horas a hora de verão. Nessa noite não se acenderam pela primeira vez as fogueiras em Peniche. Para quê se às 9 horas ainda era dia.

Nesta prova ofereciam aos primeiros 200 classificados um porta-chaves, o anverso com a heráldica da cidade e no reverso o ex-libris de Peniche, a Nau dos Corvos ou Pedra da Nau no Cabo Carvoeiro.

Ganhei algumas que dei aos meus familiares, mantendo comigo até hoje e desde esse ano o meu porta-chaves, o que ganhei em 1995 (já lá vão 25 anos). Fiz o tempo de 56'55'', fiquei na geral em 152º lugar e no escalão V1 em 17°.

Corria-se bem nessa altura!

27.5.20

Resumo de uma carreira*

Estou quase a fazer 30 anos de corrida. Treinei pista, salto em comprimento e barreiras no Benfica de Luanda por volta dos meus 18/19 tendo abandonado e até aos 39 anos foi só futebol. Depois arrumei as botas e calcei de novo os ténis.

Como trabalhava por turnos (semanas de noite incluídas), não podia almejar grandes tempos, pois muitas vezes ia para as provas sem descanso algum (e nas duas vezes que fui parar ao hospital nos trilhos, tinha saído de duas semanas de noite).

Fiz o que pude e quem faz o que pode a mais não é obrigado!

Um dia destes deu-me para catalogar por tempos todas as provas que tinha feito nas suas mais variadas distâncias. Só tenho até 1999, a partir daí desisti de as inscrever pois os tempos que fazia não mereciam esse trabalho e ter pensado mais em desfrutar do que continuar a 'lutar' por lugares cimeiros.

Só estão os melhores tempos de cada prova, embora as tivesse feito muitas vezes.

Não são grandes tempos, mas também não podia exigir mais de mim.

Vou colocar só as principais distâncias pois haviam provas com distâncias para todos os gostos e, como todos nós sabemos, mesmo nas mesmas distâncias, há provas e provas.

Falta aqui a MM da Inatel na Costa da Caparica, onde fui campeão distrital com 1h22'52'' em 1996

24.5.20

Meia-Maratona na Areia Analice Silva*

Era hoje mas, devido à pandemia, foi cancelada e alterada para o próximo ano.

No entanto um grupo de sócios da Associação 'O Mundo da Corrida' que tinha a seu cargo este evento e amigos desta grande Atleta, reuniram-se hoje na Costa da Caparica para prestar a sua Homenagem à prova que não se realizou, em memória da Analice.

Houve encontros e desencontros mas no fim, num lindo dia de sol e mar, estávamos juntos no areal da Costa onde a Analice tanto gostava de correr.

... e ela lá no alto sorria!